1 de julho de 2014

289 - HOMENS NA DANÇA

289 Marcelo Justino - SEMANA 05

Quando eu dizia as pessoas que dançava bellydance, a primeira pergunta era: Você usa saia? Que tipo de roupa você usa? A segunda pergunta era: Seus movimentos são os mesmos que os das mulheres? 

E eu sempre achava engraçado esse tipo de pergunta, me imaginava de saia e começava a rir, porque me parecia algo tão óbvio não usá-las. Óbvio simplesmente por ser homem, mas pensando como leigo e alguém que não está acostumado ao estilo, passei a achar uma pergunta bem pertinente.

A escolha do figurino masculino é algo muito pessoal e sempre de acordo com o estilo do próprio bailarino, creio que seja aquilo a qual cada um se sinta melhor em mostrar seu trabalho e sua arte.

Em relação aos movimentos, sim os movimentos são os mesmos pra homens e mulheres, mas falarei sobre algo muito particular, sobre que o que sinto em meu próprio corpo.

O corpo masculino é diferente do feminino, não temos cintura tão acentuada como as mulheres, não temos quadris largos, nosso estrutura é essencialmente mais quadrada, nossos músculos são naturalmente mais rígidos, o que dificulta as vezes a execução de alguns movimentos, principalmente os mais sinuosos. Para compensar tal dificuldade, sempre tive a sensação que eu usava muito mais força que as meninas pra execução desses movimentos, o que em contra partida sempre tive a sensação que era melhor nos movimentos mais precisos, quebrados do que elas.

Pra mim enquanto bailarino, existem alguns movimentos, que particularmente eu prefiro não executá-los dentro do meu trabalho. Como alguns movimentos de braços e jogadas de cabelos que pra mim são essencialmente bem femininos, até porque sempre mantenho meus cabelos curtos. Algumas posturas ou molduras de braços como alguns dizem, também prefiro não usá-las. Quando danço solo ou com minha parceira, sempre tento manter alguns pontos de diferença para que quem me veja dançando, veja um homem dançando, não apenas pelo figurino, mas também através da minha postura em cena.

Isso é uma escolha muito pessoal, figurino e desenvolvimento de estilo, afinal estamos falando de dança, arte e cada um tem sua maneira de se expressar, aí está a grande riqueza da ARTE DIVERSIDADE.

Por conta dessa minha escolha já fui criticado por alguns, dizendo que não dançava bem e que eu era sério demais em palco com o bellydance. Foi quando descobri o tribal, ebaaaaaa, foi paixão a primeira vista.

A postura das bailarinas e bailarinos, são muito fortes, expressivas, talvez pela influência flamenca no estilo. A postura dos braços, são fortes, mesmo as mais sinuosas. Usamos muito trabalho e força muscular, não que o bellydance não se use, mas o tribal tem como essência na minha opinião a FORÇA.

Dentro do tribal pra mim existe menos diferenças entre homens e mulheres enquanto movimentação, mas mesmo assim, sempre tenho o cuidado de escolha do que se adequa melhor a mim, enquanto homem. Meus figurinos e trabalhos coreográficos são sempre pensados no MASCULINO, a escolha da musica, acessórios.

tribal permite muito a parte performática de cada artista, mas mesmo com toda a abertura que o estilo nos dá, nunca me imaginei fazendo um personagem feminino em cena. Trabalhar a essência masculina dentro de um estilo que pra muitos é essencialmente feminino, pra mim já é um grande desafio.

Ator e bailarino há 18 anos, atua em várias modalidades como jazz, contemporâneo, clássico, sapateado, dança do ventre e tribal fusion.Texto enviado por Marcelo Justino.
Eu gosto de desenvolver a masculinidade em cena, até porque as vezes eu sinto que a dança nos deixa mais delicados e eu sinto a necessidade de me expressar como HOMEM. Não o "homem" ser humano, mas sim o homem realmente como sexo masculino da raça humana.

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