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27 de abril de 2015

HISTÓRIAS DE MARIA - Sarau Dançando com as Deusas II

Ando muito reflexiva sobre o real papel da DANÇA em nossas vidas! 

Entretenimento, arte ou cura?

Pois bem, com essa interrogação em mente, sigamos... Acredito que a dança é entretenimento quando nos propomos a realiza-la enquanto outros comem, conversam e ocasionalmente nos observam curiosos sobre aquela peixeira na cabeça e o shimmie "nos quartos" (quadril).

Gira Ballo e Bete, a anfitriã
Penso que se transforma em arte quando técnica e expressividade, emoção e domínio corporal começam a encontrar o equilíbrio e tudo, tudo mesmo se torna algo homogêneo, você já não consegue distinguir os anos de treino, da emoção que pula do pulsante. 

E cura quando a emoção nos toma de assalto, levantamos da cama deprimidos, ansiosos, macambuzios e pensamos hoje tenho aula e lá é o melhor remédio para qualquer indisposição, crise existencial ou melancolia.


Bete, iniciando os trabalhos.
Minha amiga, Bete Medeiros, do Espaço de Danças Bete Medeiros, organiza já há 2 anos um lindo Sarau cujo tema são as DEUSAS. 

Há sempre uma breve leitura sobre a deusa que cada dançarina escolheu, ou se sentiu escolhida, o que não deixa de ser um momento poético e assim se seguem danças, sorrisos, emoção e a cada deusa em cena ouvimos: Diiiiiva, lindaaaaaaaaaaaaa. 

É Bete, nos brindando com sua emoção! Cara, fodástico!!!! Este é o papel de CURA da dança.

Daí, vemos o quanto as pessoas estão leves, felizes... por como diz R. Carlos "curtir aquele momento lindooooo"...isso são as pessoas aprendendo a fazer ARTE. Pausa, lanche canjica mexida pelo marido da Bete, conversa, sorriso, troca de roupa, isso é ENTRETENIMENTO... e logo mais uma leva de danças se seguem... Deuses presentes, todos convidados a um grande GALA!

Marcelo com Hórus
Este ano o Sarau de Bete contou com a presença do dançarino, renomado nacionalmente, Marcelo Justino... incorporando Hórus, um DEUS em meio a tantas DEUSAS, e o que impressiona tanto quanto a dança de Marcelo é sua humildade. Ali, tudo junto e misturado, isso chamo de SOBERBO.

Você lerá toda resenha sobre o evento no blog da Aerith Tribal Fusion, com foto e referências a todas DEUSAS representadas... (seção Resenhando São Paulo com Maria Badulaques).  Fica ligadooo!!!

O objetivo do Pilares é divulgar eventos, independente do tamanho, onde as pessoas são tratadas de forma unica, especial e fraterna... pois este é o espírito TRIBAL.

Xeros no Pulsante.

Opa, peraíiiiiiiii!!!!! Falei de poesia e preciso mencionar a poesia do imortal Carlos Moraes que nos agraciou com seu trabalho:
Casuais
E do Caos nasce Gaia
A terra fecunda
Em seres e artimanhas...
E dos seres nasce a musica
E o movimento que ordena o Caos...
A terra gira, sobre si e ao redor de Hélio
É a dança da terra...
Somente um deus que dança
Aniquila o espirito da gravidade...
“dançar leve, à toa...”
DANÇAR....LEVE!!!
Assim seja, sempre!

22 de abril de 2015

PILARES ENTREVISTA - LUKAS OLIVER - PARTE II

Dando sequência a nossa conversa.

Parte II da Entrevista elaborada por Maria Badulaques, com Lukas Oliver:

Técnica sempre foi uma "preocupação". 
Como conciliar com a essência? Ou não se concilia? Acredito que a técnica é a língua utilizada pela alma para expressar através do corpo. Sempre tentamos olhar técnica e essência como duas coisas distintas difícil de se conectar. 

O que é incrível em minha trajetória na dança é que somente consegui entender e efetuar a técnica quando minha essência estava presente em cada movimento. Entendi que não são distintas, mas parte de um todo. 

O caminho que utilizo para sentir a técnica e a essência presente, é simples. Procuro realizar o movimento realmente sentindo como ele trabalha com meu corpo, aguçando meus sentidos. 

Quando realizo um movimento de braço, procuro estar presente realmente dentro do meu braço, sentindo ele cortar o ar, os pelos tocando minha pele, os encaixes das articulações, as pulseiras que deslizam... Conecto isso tudo ao sentimento e sensação que quero passar e que a música me passa daí nasce a característica técnica da movimentação ou muitas vezes nasce outro movimento. Técnica e essência é um assunto complexo que me envolve muito, ficaria horas tentando escrever, mas acredito que é algo que não se descreve, é algo que se vivencia. 

"Creio que para a dança, não há diferenças, não há melhores nem piores, não há bonito ou feio, não há a mais importante ou o menos importante, não há a pioneira e muito menos regras ou mandamentos, formas físicas, estilos de roupa, movimentos determinados etc", com base em sua afirmação, o que acha do ATS? O ATS é um estilo incrível que um dos seus principais conceitos, pelo o que conheço, é a união. Assim como o foco da humanidade; viver, divertir, dançar em harmonia respeitando uns aos outros, unidos. Acho isso tudo muito lindo e vejo isso no ATS e vejo em outras modalidades também. Quando começo assistir uma apresentação quero mergulhar no universo de sensações de quem está se apresentando, quero sentir o que ela sente, e entender a mensagem que quer me passar. É nesta hora que procuro entrar em processo meditativo com tal performance, não há diferenças, nem estilo, não há movimentos determinados, não há o corpo, não há regras nem mandamentos nem nada que impossibilite a liberdade expressiva. Há simplesmente a DANÇA, a ARTE, as sensações, os sorrisos, a beleza, a confraternização, há um vórtex de boas vibrações e sentimentos, dança pura. Deixa de existir, rótulos ou características e passa a existir tudo ao mesmo tempo e o nada. Deixa de existir o artista e aparece a arte. 
Gosto muito do ATS!

Um dos principais motivos é o que costumo dizer: Você pode assistir 3, 6, 9 apresentações de ATS, mais nenhuma será como a outra. Por mais que os movimentos sejam pré determinados, ou figurino tenha um padrão, regras de movimentações e uma  líder, você nunca sentirá o mesmo vórtex vibracional, ou a mesma dança. 

Você menciona que busca a "dança pura", nesta busca a técnica continuará sendo um dos ingredientes do bolo? Sem sombras de dúvidas. A técnica faz parte integral e é própria dança pura. Um exemplo de como entendo isso: 

Uma pessoa que nunca fez aula de dança mas sabe dançar (Todos no universo sabem dançar, rs), vai em uma balada, faz alguns passinhos, se você chegar nela e perguntar; como você faz isso, me ensina? Você pode não ter uma explicação baseada nos conhecimentos anatômicos, nos conceitos de Laban, expressividade da dança indiana, mas uma coisa é certa, a pessoa irá te explicar tecnicamente como executar o que ela esta fazendo, claro que dentro das possibilidades do conhecimento dela, mas isso não deixa de ser técnica. 

Para você, o que tem atraído tantas dançarinas de bellydance para o tribal? Em foco a liberdade de expressão. Mas muitas vezes  as simples possibilidades de unir os seus conhecimentos em bellydance e mesclar com outros estilos. 

Ou mais simples ainda, o gosto pessoal pela dança. 

Você já se encontrou enquanto dançarino? Percebe ter encontrado sua identidade na dança? Qual é? Não encontrei e acredito nunca encontrar uma identidade na dança. Acredito que como ser humano estou em constante mudança, recebendo diversas influências e conhecendo um mundo de infinitas possibilidades, não ousarei limitar tais mudanças para me adequar em uma identidade. 

O que encontrei é um estilo o qual tenho muita afinidade que é o Tribal Fusion e meu objetivo é dança-lo como é e mesclar outras vivências em minhas performances. 

Me sinto muito feliz e realizado, trabalhando, estudando e me dando a liberdade de reler o estilo para minhas performances. Com certeza, dedicarei a ele um bom tempo de minha vida. 


Você diz que está vivendo uma fase de transmutação, o que ficará de fora do seu novo momento? Nada ficará de fora. Não há como negar o que passou, o que está passando, ou o que passará. Eu apenas me permitirei a olhar outras paisagens. Não há como deixar de viver no mundo em que vivemos, mas acredito que podemos olhar as coisas boas ou viver as coisas ruins. Tudo é uma questão de escolha e eu escolhi ter, fazer e ser o que me faz bem, na dança e na vida. 

Em sala de aula, o que mudará em sua filosofia? Minhas aulas sempre estão em constante mudança, sempre levo técnicas novas, filosofias novas, pesquisas, vou procurando outros caminhos para explicar um movimento etc. 

O que sempre esteve como filosofia desde o princípio é a liberdade. Eu apresento, o aluno escolhe o que gosta e lhe faz bem e dança livremente. 

Acredita na possibilidade de uma formação sólida, em qualquer modalidade de arte, sem uma fundamentação concreta da técnica? E neste caso, como encontrar a liberdade de expressar, enquanto a cobrança da técnica está na mesa? Como acredito: A técnica é língua utilizada pela alma para expressar-se através de um corpo.

Se você não estuda a gramática, o vocabulário, não pratica conversação, não treina os músculos da face para falar inglês, você nunca falará inglês. Mas é livre para viajar a um país e arriscar a falar.


Se não entende o corpo, não trabalha flexibilidade, equilíbrio, força , não conhece historicamente o que pratica ou como atua o seu corpo e sua mente em alguma movimentação, você não saberá a técnica, não falará a língua da dança, da alma. Mas isso não te impossibilitará de subir em um palco e arriscar a fazer o que você sabe, a conectar seu corpo e sua alma. 

Acredito que sem compreender a técnica não há formação, mas sem entender a alma também não há formação. 

Você pode escolher dançar com o que você sabe e ser feliz expressando livremente, ou você pode escolher aprofundar seus conhecimentos técnicos, dançar com o que você sabe e ser feliz expressando livremente. 

Para ter uma "formação sólida", acredito eu, buscarmos um equilíbrio entre corpo e alma. Para ensinar, por exemplo,  procuro ter o maior número de conhecimento técnico, filosófico e histórico a fim de estruturar minha didática de ensino mas também procuro entender qual é o estado de espírito do aluno e como posso ajuda-lo a conectar técnica, corpo e mente, com a finalidade dele expressar-se livremente compreendendo a técnica e tendo repertório. 

Resumidamente,para mim, técnica e liberdade de expressão andam juntas e formam um indivíduo/profissional, sólido e equilibrado.  

** todas fotos foram escolhidas por Lukas Oliver **

                  http://www.lukasoliver.com/ 

21 de abril de 2015

PILARES ENTREVISTA - LUKAS OLIVER - PARTE I

Entrevista elaborada por Maria Badulaques.

Como anunciado, trazemos para essa semana cheia de aromas e sabores distintos, uma entrevista com Lukas Oliver. 

"Peço por gentileza que todos que tenham algo negativo ou positivo a dizer sobre o texto se dirija a mim, Lukas Oliver
Isso irá contribuir muito para o meu crescimento como profissional e como humano. Se considera que errei em algum ponto, aponte-me o erro e nos dê a possibilidade de uma discussão saudável sobre as questões com o fim de crescimento. 
Estou em constante mudança e disposto a tal. Grato. Namastê." (Lukas


"Eu apenas desisti dos padrões, das pessoas que querem encaixotar sua liberdade, das supostas divas(os) da dança, dos ditos "pioneiros", dos conceitos já criados neste meio, desisti de carregar brigas das pessoas em minha trajetória mesmo não escolhendo isso, desisti de ter que medir o que dizer, de tentar me moldar para agradar o outro."  Você mencionou isto recentemente, então sem medidas... como você analisa o cenário nacional de Tribal? Desequilíbrio e egoísmo, estas foram as palavras que para mim se encaixaram analisando o que observo no cenário nacional de Tribal

Em 05 curtos e ao mesmo tempo longos anos de carreira, creio que passei por todas as características que constituem tal cenário e muitas delas influenciaram em minha carreira. 

O Tribal, no geral, está sendo muito bem aceito no Brasil, tenho visto pessoas de outros estilos de dança migrarem para o estilo Tribal ou  qualquer uma de suas ramificações. 

Um dos principais objetivos de tal migração, é a sensação de total alegria e satisfação que o estilo proporciona, tanto fisicamente quanto intelectualmente.   A liberdade de expressão contribui muito e enriquece o estilo além do seu conceito principal, a união. 

Tais características fizeram também com que eu apaixonasse pelo estilo. O grande problema que notei é quando você se torna um profissional da área, a visão de tal mundo muda completamente. 

Digamos que a princípio a paixão principal é o estilo e suas características, mas quando comecei a ter contato com o lado "profissional" , me perguntava várias vezes se estava realmente dentro do estilo o qual apaixonei e escolhi como profissão para minha vida. Bom, vamos lá!  Vou explicar de forma direta o que vi, o que discordo e o que acho que pode contribuir para o crescimento do estilo, do profissional e do espírito humano: 

1. Síndrome do Pioneirismo - Quando falo sobre a síndrome do pioneirismo, me refiro ao fato de quando assumimos o posto que somos os primeiros a fazer algo, seja conceitual ou físico e abusamos do posto para efetuar um ato com intuito de demonstrar que é melhor ou mais importante que o outro.

Acredito que ser o primeiro em algo é sim um fator o qual devemos ter orgulho e respeito aqueles que são. Na maioria das vezes são pessoas/profissionais que dedicam a vida, no caso do tribal, para que o estilo cresça no nosso país, mas tal posto não dá direito ao profissional pioneiro a menosprezar aqueles que conheceram ou adentraram o estilo após, ou se orgulhar a tal ponto de querer que todos "digam amém" a tudo que é ditado pelo pioneiro. Fazer isso seria ir contra o princípio o qual é pregado: união e igualdade.

Seria uma ato de arrogância e desrespeito não somente com quem é menosprezado, mas consigo mesmo e com A DANÇA. 
imagens escolhidas por Lukas
2. Quantidade de tempo no meio profissional como fator de total qualidade e endeusamento - Neste caso a pessoa/profissional descredibiliza e menospreza aqueles que tem uma quantidade de tempo menor que a dela, acreditando que o que tem pouco tempo não é capaz de chegar ou estar ao nível da mesma. 

O tempo, para mim, é um fator o qual contribui muito em qualidade técnica, conceitual, física e mental, se ele for aproveitado com sabedoria, empenho, treino e pesquisas. 

Respeitar aquele que está a mais tempo no meio é o mínimo que procuro fazer, creio que temos muito o que aprender com a trajetória traçada  destes que estão a tempos empenhando ao estilo. Mas o fato de olhar para uma pessoa que tem 70 anos de carreira e acreditar que nunca conseguirá dançar como ela, seria colocar um obstáculo sem mesmo tentar. Já tive alunas que em muito pouco tempo aprenderam o que eu demorei muito mais para aprender e tive que abrir as portas e as janelas para elas verem outros horizontes em busca de suas próprias possibilidades, isso não foi um fator que me fez ficar triste, mas me fez sim sentir orgulho. 

Eu ouso dizer que existem pessoas com 1 ano de dança com qualidade técnica tão boa quanto ou melhor que profissionais com 30 anos de carreira. 
Pensar que é melhor que o outro ou que tem direito de menosprezar ou descredibilizar o outro porque tem mais tempo em seu currículo, para mim seria demonstrar que em longos anos, não houve aprendizado algum. 

3. Brigas ou desentendimentos que são repassados para os que adentram ao estilo - Muitas pessoas se desentendem, isso é normal, é humano. Acontece muitas vezes pois os indivíduos não concordam com os conceitos uns dos outros, mas não só deixam de concordar, como desrespeitam a opinião do outro e ai acontecem as brigas. 

Para mim, o que é pior deste processo de desentendimento, é levar este por toda eternidade e repassar tal desentendimento aos que adentram o estilo. 

Já aconteceu comigo de fulana achar que sou como beutrana, porque fiz aulas com a beutrana. Também já aconteceu de alunas de meu workshop se desentenderem, porque uma era de uma escola e a outra era da escola "rival". 
Claro que isso não acontece porque elas realmente tem algo uma contra a outra, mas porque certo dia os donos dos estabelecimento se desentenderam e repassaram para as matriculadas que tal escola é rival e que não se pode nem cumprimentar quem é da outra. 

E mais uma vez a união deixa de ser um dos principais fatores de alegria do estilo, para dar lugar aos desentendimentos, picuinhas e criação de panelas. 

4. Criação de panelas - Por consequência dos desentendimentos e por estes repassarem aos "herdeiros", começaram a separar grupos. Separar em grupos é natural, afins com afins e todos ficam de bem. 

Este era tal objetivo , creio eu, do estilo. Todos somos da mesma tribo, amamos e respeitamos uns ao outros.  Mentira! 

O objetivo se perdeu quando separaram tais grupos com conceitos egoístas e um tenta "destruir" o outro. 

A frase se tornou: Todos somos da mesma tribo, amamos e respeitamos a todos que estejam de acordo com tudo aquilo que eu falar, fazer ou ser. 

Junte-se a nossa tribo!!!! Nãoooo, Junte-se a nossa tribo!!!! Você tem que escolher um lado!!!!! Ou essa ou aquela. Não fale com ele, ele não é da nossa tribo. 

Mentirosaaaaa!!! Tudo que a tribo deles prega é mentira!!!!! Tudo que elas pregam é mentira!!! Acreditem mim. Ele brigou comigo a culpa é dela!! Não a culpa é dele foi ele que brigou!!! 

Me pergunto sempre: Será que algum dia teremos um evento no Brasil como Tribal Fest??? Ou simplesmente: Será que teremos algum dia no Brasil um evento que una todos profissionais e afins do estilo sem exceção. Amando e respeitando uns aos outros, respeitando as diferenças físicas e conceituais. Com o objetivo de vivermos em harmonia para um crescimento conjunto? 
Aplico essas mesmas perguntas à vida. 

5. Viagens ao exterior e aulas com profissionais do exterior como fator de total qualidade - Um conceito que rege a sociedade no geral, é que sempre o jardim do outro está mais verde e florido que o nosso. E este conceito se aplica para a dança também.

Existem muitos profissionais no exterior com muita qualidade e outros com nem tanta, porém não faz diferença sendo do exterior, tá valendo. 

No Brasil, por sinal, já fomos elogiados pela nossa qualidade técnica, autêntica e expressiva no Tribal. Profissionais se destacam no Brasil e vão para o mundo. Porém lanço a pergunta: Se estiver em um evento uma profissional do exterior e outra nacional, com sinceridade qual seria a prioridade? 

Ou seja, há uma grande valorização não pelo que o profissional conquista ou pelo que sua arte é em si, mas simplesmente por não ser do nosso país. 

E o problema começa quando ocorre uma desvalorização com aqueles que não estudaram com internacionais ou não foram para fora do país. 

A pessoa passa a ser considerada de "baixa qualidade" pois ela não fez 30 workhops internacionais ou não estava presente no evento Hlkjandfo do Alaska.
E neste processo nasce mais um conceito: Profissional bom, tecnicamente e conceitualmente, é aquele que estudou com internacionais.
De forma alguma estou desvalorizando os internacionais, mas simplesmente procurando olhar a vida sem binóculos por alguns minutos, pelo menos. 

Já dizia minha avó: "Ás vezes o ouro reluz na nossa frente, mas não o enxergamos" e a outra é "Nem tudo que reluz é ouro."

6. Conceitos, regras e padrões estabelecidos - Nossa vida é moldada por conceitos, regras ou padrões que muitas vezes não foram determinados por nós mesmos, donos de nossa própria vida. Ou seja, em termos não somos donos de nossa vida. 
Exemplo: Acorde um dia e vá ao mercado nu, simplesmente porque você quer e se sente bem nu. Acredito eu que será presa(o). 

Ou simplesmente use um chapéu de gnomo e vá ao mesmo mercado. Com certeza terão olhares estranhos. Ou diga que acredita em fadas para as pessoas e que vê espíritos.

Bom, em cada ambiente, cidade , estado, país há conceitos que moldam nossa vida, e falemos a verdade, queríamos mais liberdade. 

Esse foi um dos fatores que decidi dançar. Vi que era uma oportunidade de me expressar e ser como realmente gostaria de ser. Acredito que este seja um dos objetivos de muitos que escolhem a dança ou algo artístico para a vida. Sempre aprendi que dança e arte são liberdade e acredito muito nisso, porém não foi o que encontrei. 

Aqueles que se diziam pioneiros, com maior quantidade de tempo, maior número de workshops ou viagens, criaram e criam, um mundo com padrões e regras, mas não com padrões e regras que fazem sentido, mas sim baseados nos seus próprios conceitos, gostos e estilos. Baseados em como gostariam que o mundo fosse para si mesmo. 

Nesta parte da música você tem que fazer o movimento x. 
Não pode colocar penas em roupa tribal. 
Fazer movimentos no solo, é vulgar. 

Todas as pessoas que estudam o Tribal Fusion, devem se formar em ATS

Não pode dançar música de umbanda no tribal. 
Dentre outras, são regras que já ouvi ou vieram me perguntar sobre. 

Bom, mesmos que estes conceitos fossem criados pelas criadoras do estilo eu ainda me pergunto: Alguém, alguma hora parou para pensar em deixar as pessoas livres para criar, adaptar, fazer, reler,  para conhecer, pesquisar e poder DANÇAR livremente?!

Particularmente, não tenho nada contra as regras ou padrões. Só acredito que temos que ter a liberdade de escolha em adapta-los em nossa vida ou não.
Quando me perguntam sobre o que acho sobre os padrões eu digo: Pergunte a si mesmo quais estão de acordo com você, siga-os , respeite as escolhas dos outros e seja feliz. 

7. "Pessoas boas " - Existem muitos que não estão dispostos a brigar, a escolher um lado, a venerar uma pessoa, estilo ou conceito, que procuram realmente valorizar e respeitar as qualidades do outro como o outro realmente é, amando e respeitando a todos e principalmente não perdendo tempo, mas valorizando o mesmo para enfim cumprir sua missão com a dança, sentindo bem consigo e com o outro, amando a si e a todos e pregando o real sentido da arte e da vida; A liberdade com amor e respeito. 

O que me entristece é que estes ofuscados pelo "lado negro da força"  desistem de lutar pelo todo, pela união e também vão, por medo, viver em seu mundo. 

São nestes pontos que vejo o desequilíbrio e o egoísmo, seja daqueles que querem ser exaltados, ou daqueles que se ofuscam em seu próprio mundo. 
imagens escolhidas por Lukas
Tirando todos estes pontos, que chamo de tranqueira do subconsciente da dança, pois é algo que não está presente no consciente de todos, vejo um Brasil cheio de possibilidades, cheios de talentos, pessoas que curam doenças através da dança, pessoas que curam, vejo um Brasil disposto a dizer não ao mal e notar o bem, vejo a técnica apurando a cada dia e apresentações incríveis, vejo possibilidade de um mundo em liberdade, com respeito e amor e o isto já acontece. 

Eu gostaria que o objetivo pilar do tribal fosse executado, que as pessoas se perdoassem, que todos buscassem sua liberdade e olhasse a liberdade dos outros com respeito, que todos tivessem direito de escolhas, que pudessem errar e que assim como em uma família, abraçarem e tentarem resolver tudo para que sempre ficassem de bem. 
Acredito que assim tanto o estilo quanto nós como seres humanos, evoluiríamos muito. Todos conseguiriam trabalhar, estudar e partilhar conhecimento uns com os outros e o conhecimento seria vasto e único. 

Como dizem: "O sol brilha para todos". 

Eu, Lukas, estou preparado e disposto a contribuir para a criação deste mundo. 

Comentários do Pilares (por Maria Badulaques): Essa foi só a primeira resposta... toma fôlego, reflita... entrevista em 3 partes. 

Entendi ser necessário fracionar para aproveitar esse momento de integração entre todas as tribos. 

As palavras de Lukas podem fazer sentido para muitos, outros podem discordar. Importante mesmo é o respeito que cabe em todos lugares. Sou advogada de formação, quando busquei a dança, a intenção era um ambiente totalmente diferente do jurídico, a surpresa é que não está muito longe do que vejo no fórum, em audiências, atrás da mesa do juiz... Lembro de Terencio, nada que é humano me é estranho... portanto somos o bem e o mal e qual prepondera e qual se apaga é escolha de cada um e muito senso crítico.

Vejo a dança como LIBERTAÇÃO... todos somos responsáveis, cada um com sua parcela, em tornar o ambiente saudável, aprazível e integrativo. Lembro quando me formei, minha primeira audiência, eu zero de experiência e de outro lado uma banca famosa da capital de São Paulo, mas o livro que estudei é igual para todo formando... portanto na hora do vamos ver, nem sempre a experiência prevalece... as vezes é questão de "insight"... feeling... e muito respeito ao próximo. Toda jornada começa do mesmo ponto de partida o ZERO e a partir daí um universo de possibilidades pode estar a espreita.

Até amanhã... xero forte no pulsante.

Maria

CONTATOhttps://www.facebook.com/lukasolivertribaldancer
                  http://www.lukasoliver.com/  

24 de fevereiro de 2015

49 - MASHA, TRIBAL?

49 por Maria Badulaques - SEMANA 39

 Masha, Tribal?!

"Com Jamila Salimpour e Masha Archer caminhamos em direção ao estilo, mas nem Jamila nem Masha nomearam-se dançarinas de tribal - elas tinham sim um aspecto tribal pelo fato das apresentações lembrarem uma expressão de tribo, e também pela indumentária. 

Mas enquanto linguagem, dança, o tribal tomou forma no ATS®." (tribalices.blogspot - da Natii) 

Vejam que as contribuições foram progressivas,

Jamila iniciou o caminho das pedras e uma a uma, 

Masha e Carolena foram a partir deste formato agregando sua própria interpretação, mas tudo estava conectado.

Não seria possível chamar a dança de Jamila e de Masha de bellydance, era realmente muito distinto da imagem tradicional da época, mas nem elas entendiam-se como tribalistas... 

Talvez a preocupação fosse desenvolver aquela efervescência que surgia e a nomenclatura fosse secundária, enfim...

Carolena (de quem falaremos a partir de sábado) estava focada numa estruturação total, englobando uma identidade que alteraria para todo o sempre o universo bellydancer... afinal são as FatChance Bellydance.

Xeros no pulsante, vamo que vamo.

9 de fevereiro de 2015

64 - ACESSÓRIOS

65 - por Maria Carvalho SEMANA 37

Masha, a mãe dos badulaques tribais.

Bem, olhar para Masha,  é ser arrebatado por badulaques e mais badulaques que saltam a vista imediatamente. 


Pensava que sua trajetória tinha iniciado na dança e passado a designer de jóias, porém ao contrário, quando nossa querida mãe-tribal iniciou-se nesta modalidade, já trazia na bagagem muiiiiiiitos badulaques. 

Agregar isso ao tribal... 

Foi um pulo e então criou-se o estilo tribal com acessórios que por si só já são um evento. 

Ouvi algumas pessoas dizendo que uma dançarina de tribal nem precisa dançar, só a chegada é um evento. lililililililililili, vai dizer que não é?!


Quando vejo uma composição mais, como dizer, minimalista, penso: foi assaltada no caminho da apresentação?! 


Brincadeira de lado, realmente há uma expectativa em ver figurino e acessórios conversando em harmonia e de preferência no plano do Maisss (anos atrás, historinha que lembrei, comprei um livro que só tinha em francês da Inês de La Frenssage, ela ensinava como se vestir com elegância, como identificar seus pontos altos, pa ta ti, pa ta ta...lá pelas tantas dizia: antes de sair se olhe no espelho, tire algo e então saia....pronto, parei de ler...precisa explicar?).

Seja o ATS seja o Tribal Fusion, os acessórios devem ser pensados com o mesmo carinho e atenção dos figurinos.


Vamo que vamo, super xeros cheiiiiios de badulaques.

5 de fevereiro de 2015

68 - MASHA ARCHER

68 por Natália Espinosa - SEMANA 36


Legado de Masha: O conceito de tribo e sororidade

O conceito de sororidade, segundo a página Dicionário Informal: Sororidade é o pacto entre as mulheres que são reconhecidas irmãs, sendo uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo.


Hoje a Cibelle Souza, da companhia Shaman Tribal, publicou esta imagem em seu Instagram: 

Além de toda a movimentação e preocupação com o figurino, Masha pontuava o principal conceito do tribal, que é o respeito e o apoio mútuo, como se todas nós (e todos, pois temos homens na nossa tribo hoje em dia) que praticamos essa forma de arte fizéssemos parte de uma grande tribo. Mesmo enquanto solistas, podemos manter em mente esse conceito e tratar nossa dança como algo que faz parte e contribui para algo maior, não como uma forma de brilhar mais que as outras colegas.

Eu, como feminista, confesso que esse foi o ponto que mais me encantou na dança tribal: a possibilidade de vivenciar essa união, esse respeito e essa troca entre mulheres através de uma dança que é "feminina" por princípio: trabalha aspectos atribuídos à mulher e ressalta características da anatomia feminina.

Espero que todas nós possamos fortalecer nossa sororidade, pois o tribal é uma ferramenta poderosa. É só querer usar :)
Masha, Carolena e a solista Rachel Brice: exemplos de sororidade.

Para saber mais sobre sororidade:

6 de outubro de 2014

192 - REBABA | RITA ALDERUCCI

192 por Maria Carvalho - SEMANA 19

Mais uma semana com Rita.
Sabe, tem bailarina que ensina muito além de técnica para dançar, são preciosos comentários (as vezes sutis) que ajudam na caminhada vida a fora. Certamente após todas essas semanas juntos (tamo juntoooo!!!) você já tem suas predileções, já elegeu com quem se identifica mais e com certeza se impactou pelas personalidades.

Digo isto, porque me sinto assim! Lendo Rita e Nakish é como se traduzissem o que penso. Acredito numa dança que vai além da natural sensualidade e curiosidade que despertam a Tribal e o Bellydance, creio piamente que a dança unifica - une e conclama os iguais a evoluírem, vejam... os iguais, beleza! A dança é, deve ser, libertadora, mesmo para aquelas que possuem uma absurda auto-crítica (eu, inclusa) o caminho leva a uma indiscutível catarse.

Segunda semana de Rebaba, assisti ao post do domingo, com a entrevista curtinha de Rita, com trajes a la Jamila e aquele sorriso já iluminou meu dia, é o sorriso dos que viram as trevas, foram até as suas labaredas, mas que voltaram e conseguiram elevar os olhos e ver a luz... a dança após esse caminhar se torna ainda mais significativa, há um quê de EU VOLTEIIII (credo lembrei de uma tenebrosa candidatura, Jesus).

Esse lance de fazer diversas danças diferentes, jazz, ballet, flamenco... bah, meu marido até comenta; "você precisa focar", mas pra mim a dança como um todo é o foco, os estilos, as culturas, a possibilidade de fusionar as distinções para convergir em algo homogêneo e significativo. O Marcelo do Tribal Brasil costuma dizer que descobriu em si um pouquinho do Brasil... escuto isto e sinto visceralmente. Então como focar? Só misturando tudo ao mesmo tempo, agora! Morou?!
Daí vem a Rita falar do sufoco pra pagar por tantos cursos e tanto aprendizado, até emocionei, quantos de nós não deixam de comprar roupa, ou sei lá... aquele gênero de necessidade, por conta do figurino, da chance de uma aula ali, para pagar em trocentas vezes o curso com a Carolena (tá chegando, u-huuu). 

O que Rebaba me transmitiu semana passada e assim prosseguirá nesta é uma mensagem (estilo, auto-ajuda kkkk)... ouvia muito das professoras de ginástica olímpica: forçaaaaa, confiiiiia. É bem por aí!!!

Se vc olhar pro lado e conseguir eleger uma pessoa a quem possa contar, debruçar a cabeça com o peso do dia e em troca receber o ombro, sorriso e apoio... tua caminhada na dança, na vida... enfim terá sentido. É como diria Elis..."eu quero uma casa no campoooo".

Tua dança, nossa inspiração.

E vamo que vamo que a segunda semana de Rita e sua vida agitada tá só começando.