10 de julho de 2015

VÍDEO: Cabaret or Tribal? Com tradução!

Este texto é uma tradução que fiz para um vídeo que Suhaila Salimpour disponibilizou no vimeo. Este vídeo, aparentemente, é para a divulgação de um workshop, mas possui muita informação legal!!

Algumas notas sobre a tradução antes que você comece sua leitura:

Aqui no Brasil, nós chamamos a dança do ventre tradicional apenas por dança do ventre, e o tribal de tribal, assim temos nossa divisão. Nos Estados Unidos, a dança do ventre é chamada de cabaret bellydance, pois ela era atração de cabaré mesmo. No texto, eu traduzi como estilo cabaré.

Traduzi nightclubs como casas noturnas. Mas esses nightclubs não eram prostíbulos, só pra deixar claro!

Boa leitura!
Natália Espinosa

Cabaret or Tribal? presented by the Salimpour School from Suhaila Salimpour on Vimeo.

O link do vídeo: https://vimeo.com/131053852

Jamila Salimpour foi influenciada pelas dançarinas das décadas de 30 e 40 e seus movimentos saíram desta era. Jamila era uma dançarina de casas noturnas e era proprietária de uma casa noturna, ela foi a primeira mulher a possuir uma casa noturna com temática árabe na Costa Oeste.

Minha mãe ama música árabe e até hoje ela diz, e ela é bem enfática a respeito disso, que se você não está dançando uma música árabe, bem, você simplesmente não está dançando dança do ventre (risos). Minha mãe e eu às vezes discordamos sobre este ponto, mas eu amo música árabe completamente e eu entendo o que ela quer dizer, porque este era o amor dela e era – e é – a cultura e a música de onde vieram todos esses movimentos.

Minha mãe dançava nas casas noturnas e mesmo antes disso ela dançou em todas as oportunidades que lhe foram dadas de se apresentar; não haviam casas noturnas quando ela dançava e, quando as casas noturnas de fato nasceram neste país, ela acabou dançando em casas noturnas, mas nessa época ela estava na casa dos 30! Minha mãe só começou a usar a palavra “Tribal” no fim da década de 60 quando criou o Bal Anat para a Renaissance Pleasure Fair. Até então, não havia separação, você não usava a palavra “cabaré” ou a palavra “tribal”; você era só uma dançarina de dança do ventre e você fazia de tudo. Então, o que definia uma aparência, uma sensação ou uma estilização era o ambiente do show, a hora do show – era um show de dia, um show à noite, um show para a família, uma casa noturna? – e isso criava a aparência, a sensação, o figurino,a energia... minha mãe estava tentando justificar a dança do ventre no contexto da Renaissance Fair então ela criou essa incrível fantasia tribal que sempre era apresentada como um Faz de Conta de Arte Performática, essa era até a palavra que ela usava, Faz de Conta, e era tudo ideia e fantasia dela.

Mas a verdade é que a minha mãe sempre foi inspirada pela música árabe, ela queria representar e reconhecer e respeitar a cultura; ela criou os figurinos do Bal Anat a partir de fotos das National Geographics que ela tinha espalhadas pela casa, ela queria ter certeza que, apesar de estar tomando liberdades criativas em suas coreografias e na forma que o Bal Anat se apresentava, que tudo saía de pinturas, poesias ou essas revistas; ela estava tentando conseguir tudo o que podia para representar a cultura, porque não havia nada disponível...
Mas todos os dançarinos do Bal Anat, de dia eles colocavam seus figurinos tribais e à noite eles colocavam seus figurinos de cabaré e trabalhavam em casas noturnas, não havia divisão na comunidade e o vocabulário de movimentos era todo igual, com apenas pequenas variações de movimentação e estilização baseadas na música, no clima e no figurino, mas o vocabulário de dança era todo do formato da Jamila Salimpour, que saiu dos dias de glória da Golden Era dos anos 40, daquelas dançarinas de dança do ventre estilo cabaré.

Eu me lembro que quando eu comecei a trabalhar em casas noturnas, eu fui entrevistada por uma mulher que estava escrevendo uma matéria sobre o Legado Salimpour, e ela me perguntou: Quando você decidiu ser uma dançarina de dança do ventre estilo cabaré? E eu fiquei tão ofendida na época, porque eu nunca me classifiquei como uma dançarina de tribal ou de cabaré! Eu tenho muito orgulho de ser uma Salimpour, eu sou filha de Jamila Salimpour então eu levo dentro do peito o conceito de tribal e o que minha mãe criou; eu também trabalhava como dançarina e me sentia muito privilegiada que logo depois de terminar o ensino médio eu pude começar a trabalhar em casas noturnas e eu estava trabalhando com as melhores bandas e os músicos mais incríveis vindos do Oriente Médio, e me perguntaram quando eu -decidi- ser um a dançarina de estilo cabaré. Eu nunca decidi ser um ou outro! Eu era, e ainda sou, uma dançarina.

Se você morava nos EUA, você foi tocado por Jamila Salimpour. Se você era um dançarino na Costa Oeste, você não foi apenas influenciado por Jamila Salimpour, você provavelmente estava dançando seu formato mesmo que não soubesse. Muitos dos alunos de minha mãe saíram da escola e começaram a ensinar por conta, e esses professores tiveram alunos, e esses alunos tiveram alunos, e posteriormente o termo tribal ou ATS® nasceu a partir de professores que foram alunos de Jamila Salimpour. Então o formato Jamila Salimpour foi a base para seus alunos saírem e ensinarem e isso se transformou em movimentos que mais tarde foram associados ao tribal, seja ATS® ou tribal fusion.

O formato Jamila Salimpour nasceu da Golden Era, aquela época e forma de movimentação das melhores dançarinas dos anos 40, Badia Masabni, Tahia Carioca, e elas eram dançarinas de estilo cabaré, então os movimentos era associadas às melhores dançarinas vindas do Egito, naquela época. Então a base do que se tornou o tribal,ou ATS®, ou tribal fusion, é verdadeiramente o formato Jamila Salimpour. O Tribal Fusion, posteriormente, evoluiu a partir de alunos que saíram do formato Suhaila Salimpour, incorporando todos os movimentos de isolamento com contrações fortes, criados no fim da década de 70 e na década de 80. Então formato Suhaila Salimpour é agora associado a movimentos de Tribal Fusion.

Jamila e Suhaila Salimpour são dançarinas de casas noturnas, e seus movimentos e musicalidade e a forma como representam a música árabe ainda possuem todos aqueles passos e todos os isolamentos.

Se você tiver uma boa base de dança primeiro, você pode fazer tudo o que quiser. Você pode fazer escolhas artísticas, mas fazer qualquer estilização quer quiser. Esse workshop é para focar em técnica, para que você possa construir a base do seu movimento, a segurança e a postura, e então, mais tarde, você seja capaz de fazer escolhas criativas e artística. Eu quero que você seja capaz de fazer tudo isso. Eu quero que você seja capaz de crescer e evoluir através dos anos com uma base forte de técnica, de forma que, a medida que você mudar e crescer e seguir em frente com diferentes tipos de música e estilos, seu corpo seja capaz de se mover e evoluir com você.


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