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12 de outubro de 2014

186 - REBABA | RITA ALDERUCCI

186 por Maria Carvalho - SEMANA 19 (VIDEO)

Falamos muito da personalidade, as peripécias de Rita... então vamos ver o pq de ter ficado famosa?

Eis o Hahbi´ru, grupo que Rebaba ajudou a formar... alma e vida em movimento e fluidez.

Lililililili

11 de outubro de 2014

187 - REBABA | RITA ALDERUCCI

187 por Maria Carvalho - SEMANA 19
"Estava tudo indo melhor do que eu poderia ter planejado até que um soldado estava prestes a terminar de esvaziar a minha segunda mala. Enquanto nós continuamos nosso muito limitado Inglês-conversa em árabe, ele tocou em algo no fundo do meu baú e imediatamente olhou para baixo."
Rebaba deixava Bagdá cheia de dinares, escondidos em papel celofane dentro de caixas de presente. Certa de que passaria "in albis", observar a cara de espanto do policial foi um golpe certeiro em sua confiança, afinal fora desmascarada???? 
Ocorre que era proibido sair do país com fitas cassetes, sim elas... lembra? rebobinar, gravar e desgravar... nooooossa, deu até nostalgia. O pessoal da pen drive  36gb não saberá do que falamos e do que sentiu Rita.
Pois é, o policial passou da cara amistosa para de reprovação e indignação, afinal que segredos de estado não poderiam estar sendo contrabandeados, e assim várias fitas de Michael, Steve Wonder e todas aquelas colacionadas durante a permanência na cidade perderam a chance de chegar nos EUA.
Neste momento lembro da pen drive com trocentas músicas perdidas por uma amiga aqui do Pilares! :( É uma dor profunda no fi-o-fó da alma, quem já perdeu fita cassete, pen drive repleta de alegrias sabe do que tamo falando.
Aê, vc que tá no momento "eu sei do que você tá falando", tamo junto!!!
Vamo que vamo
Xeros

10 de outubro de 2014

188 - REBABA | RITA ALDERUCCI

188 por Carine Würch - SEMANA 19

Memórias de Baghdad, Parte 1 - por Rebaba
Vista do quarto de Rebaba em Bagdá. 1983
Eu estava dançando como o destaque "Miss America da Dança do Ventre" em um clube/ restaurante de elite por cerca de duas semanas, quando Saddam Hussein anunciou que seu país estava sendo traído por seu número, um aliado na guerra contra o Irã, os EUA !

Uma das razões que concordei em vir a este país devastado pela guerra (mesmo Líbano e Síria estavam em paz enquanto dancei lá), foi o fato de que o Iraque estava lutando pela democracia contra o regime extremista governado pelo Khomeini no Irã. O proprietário, que era libanês, pensou que faria grande negócio ter uma Bellydancer americana liderando parte dos seus show todas as noites. Ele me ofereceu mais dinheiro do que jamais havia sonhado (nem vou ganhar, nunca mais), para viajar para o sul para uma cidade e durante três meses, dançar sete noites por semana... Ele assegurou meu agente localizado em Beirute que a luta estava longe e insistiu que o bombardeio nunca viria a Bagdá. Havia demasiadas empresas estrangeiras, militares de ambos os lados da guerra (uma presença grande dos EUA, bem como da Rússia), assim como toda a imprensa estrangeira que vive e trabalha em Bagdá. Tal era a economia lucrativas de guerra para ambos os lados, que percebia isto como uma partida de xadrez superpotente pelo controle do Golfo Pérsico.

Para seu crédito, meu chefe estava absolutamente correto em sua avaliação da minha recepção como "Miss America da Dança do Ventre". Era uma sensação enorme ao entrar no palco, recebida com aplausos de pé, e o público competindo para subir no palco e tentar dar-me um banho de dinheiro, antes que eu pudesse fazer o meu primeiro passo de dança.

As gorjetas foram incríveis, e todas as noites, durante as estas preciosas primeiras semanas, havia tanto dinheiro no palco, que eu literalmente não podia dançar. Todos estavam felizes, pois todos nós no envolvidos no Show, dividíamos as gorjetas. O proprietário do Al Kawakub (The Star, em árabe), o restaurante muito bem equipado localizado na margem do Rio Tigres onde estávamos dançando, disse que era a melhor dançarina que ele já havia contratado. Hah, mais lucrativo, talvez, porque a dança em si, ele não conseguiu ver meu show por muitas semanas, devido à recepção selvagem que recebia uma vez anunciada.

Dizem que todas as coisas boas devem chegar a um fim, e apenas duas semanas depois da minha chegada, foi a minha vez, por meio da televisão, guerra e política.

Enquanto estava começando a ajustar as nossas condições de vida miseráveis​​, um pequeno sacrifício, pensei, considerando todo o dinheiro que estávamos ganhando, a notícia da traição EUA ao Iraque bateu como ondas e a escala da guerra em favor do Irã. O ano era 1983, e estava apenas há duas semanas, do contrato de três meses no Al Kawakab Restaurant.

Cheguei em uma Bagdá desgastada (literalmente) pelo extremamente longa guerra com o Irã. Dólares norte-americanos e Rublos Russos, contribuíram para um plano de reconstrução e a criação de uma "Nova Bagdá", no entanto, o que eu vi quando fiz meu caminho em torno da cidade antiga, era uma Bagdá de ruas não pavimentadas. Escavadeiras tinha sido deixadas como ossos de dinossauros antigos empilhados no meio de cruzamentos incompletos , quando o que restava da força de trabalho,  foi enviado para defender seu país como a guerra se intensificava.

Durante as primeiras semanas em Bagdá, fomos o brinde da cidade, com uma casa cheia todas as noites, lotada com o crème de la crème da sociedade de Bagdá, ou seja, tanto as elites empresariais e executivos militares de todo o mundo. O povo iraquiano na platéia, jogava dinheiro no palco como se fosse confete, em feroz concorrência uns com os outros. Por outro lado vivemos em uma rua sem calçadas, e em uma casa (apesar de grande e majestosa do lado de fora), sem ar-condicionado. Não havia encanamento no último andar, onde meu quarto era, e o era encanamento muito pouco confiável nos três primeiros andares. Ah, e mencionei que a eletricidade foi instalado depois que as paredes foram construídas? Lâmpadas penduradas em fios em toda a "villa". Durante o meu primeiro mês, o clima ainda não era um problema, mas, antes de eu deixar o país, em 01 de junho, a temperatura subiria para 42 graus durante o dia e cerca de 36 - 37 graus a noite.

Felizmente,  o restaurante sempre tinha ar condicionado, comida e água ... Parecia, semanal, perderíamos algo essencial para a nossa sobrevivência e, ironicamente, todas as noites estávamos ganhando mais dinheiro do que poderíamos gastar.

Após a traição do presidente Bush a Saddam Hussein (que naturalmente viria a ser conhecido como o caso "Irã/Contra" nos EUA muitos anos depois), o meu problema imediato, foi como poderia continuar a me apresentar sem ser assassinada! Pareceu-me que todos na cidade sabiam que eu era "Miss America", e agora eles estavam sendo orientados a odiar o país onde havia nascido. Foi uma situação difícil para alguém tão jovem como eu, tinha apenas 27 anos de idade e  estava morrendo de medo!

Meu chefe decidiu que deveria agora ser anunciada como a "Belly Dancer", sem nomear nenhum país de origem. Isto era inédito em palcos da Europa ao Egito; o Mestre de Cerimônia sempre anunciava de qual país a dançarina era, isto sempre indicava o calibre da dançarina. Além disso, as pessoas do Oriente Médio são muito orgulhosos e esperavam ouvir talvez seu próprio país sendo citado na introdução de uma dançarina do ventre. Então, nós discutimos, meus músicos libaneses e eu, que isso seria um desastre, e que o público estaria mais perplexo e chateado por não haver nenhum país, do que até mesmo o fato de que ser americana! Sugeri então sul-americana, canadense, francesa (como eu falo francês), ou por que não libanês, como muitos já haviam comentado que parecia libanesa. Mas, não, meu chefe não queria correr o risco de mentir. Certo, ele me chamava de"Miss America" da Dança do Ventre, e sei que era uma mentira, mas, ele não estava disposto a dizer que eu era "francesa" e, possivelmente, salvar a minha vida!

Na primeira noite do meu novo anonimato, chamada "The Belly Dancer", fiz a minha entrada e pela primeira vez fui capaz de dançar toda meu show. Foi muito estranho, a casa quase lotada era quase silenciosa, na maior a parte do meu show. Fiquei pensando a qualquer momento alguém vai poderia atirar em mim!

Terminei meu show, e enquanto agradecia e jogava beijos no ar para o público, por terem me matado, várias pessoas se levantaram e começaram a falar comigo em árabe. É claro que não tinha a menor ideia do que eles estavam dizendo, então sorri educadamente e corri para fora desse palco assim que consegui! De volta ao meu camarim, minha pobre banda, que também eram meus melhores amigos em Bagdá, vieram durante a sua pausa para verificar como estava e me dizer o que estava acontecendo com o público. Evidentemente, e não surpreendentemente, o público estava totalmente perplexo com a dançarina de "lugar nenhum"! Eles queriam saber de qual país eu vinha, e foi isto exatamente o que disse o nosso patrão poderia acontecer e aconteceu. Estava sendo acusado de negar a minha cultura, porque certamente não era iraquiana, libanesa - não, deveria ser síria, mas, não, na verdade, e sem dúvida alguma, que eu tinha de ser egípcia! Meu público de todo o Oriente Médio estavam discutindo entre si sobre o meu país de origem, e cada qual queria afirmar que eu era um dos seus!

Este dançarina do "nada", na verdade, quase causou uma briga naquela noite quando dois clientes com argumentos opostos, disputavam o meu país de origem!

Daquela noite em diante, disse ao meu chefe  que se ele não estava disposto a dar-me um país falso, então era só dizer a verdade, que sou "Americana", só não diga EUA, e gostaria de me arriscar. Felizmente, o minha coloração se prestava bem para ambos Oriente Médio e America do Sul. Naquele tempo (pré-internet, vídeos, skipe, etc), as pessoas ainda eram estereotipada norte-americanos como "loiros", assim como nós estereotipamos as pessoas do Oriente Médio como sendo "morenos". Portanto, ser "americano" não era tão perigoso quanto você pode pensar, pois meu público sempre chegaram à conclusão de que eu era do México! Havia alguns que ainda achavam que eu estava negando a minha cultura e verdadeiramente era do Oriente Médio, mas, eu apenas sorria, ria e dizia que não: "Ana Americana".
 

Texto original:
** Tradução livre - Carine Würch **

Fontes:

9 de outubro de 2014

189 - REBABA | RITA ALDERUCCI

189 por Carine Wurch - SEMANA 19

De vez em quando, um cavaleiro numa armadura reluzente, apareceria para esta princesa desajustada, do mundo da dança do ventre. Seus cavaleiros geralmente entravam em sua vida, cortesia dos locais onde se apresentava. 

Apenas esta circunstância, já era uma boa razão para se afastar, tendo armadura brilhante ou não. No entanto, esta princesa não acreditava que ela tinha um valor especial, e portanto, ela não tinha forças para recusar as atenções de um cavaleiro em armadura brilhante

Vivi esta princesa imaginária, no palco, por muitos anos durante a minha vida adulta. Ela era a "melhor de mim" que poderia imaginar, e eu a amava muito, pois realmente me mantinha sensata e feliz, sempre que estava atuando em sua pele. Pena não haver aprendido algumas coisas através desta minha caracterização, que poderiam ter me ajudado durante minha busca ao amor. Eu sei que agora, depois de muitos anos de erros, corações partidos e mais lições de vida que eu posso contar, o amor que recebi durante as apresentações, foi possível graças a minha imaginada auto-consciência e confiança como Rebaba. No entanto, fora do palco, minha auto-imagem era de completa falta de confiança, extremamente insegura e totalmente incapaz de reconhecer e aceitar o amor. Felizmente, fui capaz de experimentar este amor através do meu público, que de bom grado me deu, durante os muitos anos de minha carreira profissional. Se não tivesse experimentado este amor (junto com o amor da minha família e amigos com certeza, mas, que estavam longe, grande parte do tempo que eu estava dançando profissionalmente), acredito que poderia ter me aventurado no poço sem fundo da dependência de drogas, muito mais cedo do que eu fiz. 

Minha dependência completa de medicamentos não começou até que parei de dançar profissionalmente, e me mudei de volta para minha cidade natal, para começar uma segunda carreira, depois de me formar na universidade. Como eu ainda não cheguei neste ponto da minha história, eu prefiro continuar com um momento de alegria ao dançar profissionalmente em Los Angeles. Para mim, geralmente, os shows mais únicos e engraçados eram os mais longos que a maioria dos outros. Portanto, eu gostaria de contar um dos mais engraçados, além de ser possivelmente, a melhor Entrada que fiz no AliBaba em Hollywood


Era uma noite de sábado, neste pequeno espaço com o teto baixo, construído para parecer caverna de Ali BabaAliBaba era um desses clubes noturnos do Oriente Médio, incrivelmente bem sucedidos, que pontilhavam a área de Los Angeles durante os anos 60, 70 e em meados dos anos 1980. Eu trabalhava nos fins de semana e algumas noites durante a semana, que eram igualmente lotadas. Os membros da banda eram todos bons amigos e excelentes músicos, que tocavam como anjos para mim, durante cada show, independentemente do número de pessoas na apresentação. 

No entanto, os shows magníficos, realmente só aconteciam com muita ajuda de um público amoroso, generoso e em êxtase,  que alimentava nossos talentos individuais e nos inspirava a níveis mais altos de desempenho como um grupo. 

Este sábado, em especial, abrigava uma audiência como tal. Fiz minha entrada com minha música egípcia favorita, e o público já vibrava, pois também amavam esta música, assim como a minha dança. Estava quente, com muita fumaça e um barulho constante de fala e gritaria, copos tilintando e quebrando, gargalhadas e aplausos entusiasmados, que misturados ao todo, tornavam-se parte da música e do meu show. Dancei com todo meu coração e alma, apoiada pelo fluxo de energia que sentia como luz quente e amorosa, projetada pelo público presente. Os músicos tocavam como valentes leões, emitindo seu próprio rugido de prazer atrás de mim, para que eu estivesse envolvida por essa energia maravilhosa de felicidade e amor. 

Isso não acontece com muita frequência, onde cada nota musical, batida de tambor e o movimento físico, parecem fundir-se para tornarem-se um. Quando acontece, um show inesquecível é criado, e esse show em particular, estava definitivamente começando a se parecer como um daqueles shows especiais. Quando a música chegou a uma alta frequência, girei em torno do palco, terminando bem no centro, em uma inclinação perfeitamente bem cronometrada e executada. Quando a música terminou com uma batida ensurdecedora, as luzes se apagaram, joguei meu corpo para frente e para baixo, em direção ao chão, me ajoelhando simultaneamente. Minha cabeça foi com uma grande velocidade para baixo, para tocar meus joelhos, quando algo bateu no meu rosto. Caramba, percebi assustada, que o que tinha acabado de acertar meu nariz era o meu sutiã! 

Eu estava usando um dos meus trajes egípcios favoritos, que havia sido fortemente bordado. A combinação da minha inclinação extremamente rápida e furiosa, mais o peso do sutiã, obviamente, desengataram ele das minhas costas. Graças a Deus, o sutiã também estava preso na parte de trás do meu pescoço, que era a única coisa que o segurava no meu corpo. Quando as luzes se acenderam, iniciou-se lentamente a bela melodia de um violino solo, enchendo a sala. Percebi que era a única no clube que sabia que meu sutiã havia desengatado, pois tudo aconteceu quando a luz apagou. Não pude deixar de rir com o pensamento, quando comecei a mover-me através da música e também me posicionar na frente do músico que tocava Oud, que estava dedilhando seu instrumento feliz e completamente perdido em seu próprio mundo. Sorria e chamava seu nome, mantendo as costas para ele, pedindo várias vezes para "engate o meu sutiã, por favor". 


Com clubes abertos por toda Los Angeles, com música ao vivo e diversos dançarinos a cada noite, este tipo de situação com o figurino acontecida de vez em quando, e a maioria dos músicos podem contar histórias muito engraçadas envolvendo pedaços perdidos ou quebrados de figurino. 



Então, sabia que se conseguisse chamar a atenção do meu músico, ele saberia o que fazer... Finalmente consegui, e ele começou a tentar engatar o meu sutiã, e finalmente deixou escapar que não havia um gancho de apenas uma presilha. Bem, a esta altura o público estava começando a ficar curioso, e estava percebendo que algo estava acontecendo, além do óbvio: música e dança. Sendo a exagerada que sou, rapidamente virei-me dançando um pouco e mostrando ao público exatamente o que estava errado. Eles adoraram, batendo palmas, rindo e incentivando-me a continuar dançando desse jeito! 

Mostrei ao público que estaria de volta, inclinando-me para a minha banda, pedindo que continuassem tocando, enquanto descia as escadas correndo do palco para o camarim. Fui seguida por bons amigos: uma outra bailarina e um cantor, ambos gritavam, perguntando o que havia acontecido com meu figurino? Sem conseguir respirar, no camarim imediatamente me virei e pedi para a dançarina engatar meu sutiã. Ela repetiu o que havia sido dito no palco: que não havia um gancho no sutiã. Jogando a parte de cima do meu corpo, com tanta força, para curvar-me, evidentemente o gancho explodiu da alça. Então vamos agora para alfinetes de segurança. Tentando achar um alfinete de segurança, não importa quão grande fosse, através do espesso bordado, enquanto eu, ofegante, ria da minha situação, que era impossível. Ao mesmo tempo em que insistia para que o cantor subisse ao palco e começasse o seu número, uma outra amiga se espremia no camarim. Era a garçonete, e neste momento, ela tinha algo em sua mão, que ela levantou me perguntando se era meu. Ela disse que havia tirado do centro do palco, pois ela pensou que fosse um pedaço de pão pita. 

Bem, não era um pedaço de pão pita, era a espuma do enchimento de dentro do meu sutiã, que deve ter caído no chão do palco, quando fazia essa inclinação perfeita!











Texto original:

** Tradução livre por Carine Würch **

8 de outubro de 2014

190 - REBABA | RITA ALDERUCCI

190 por Maria Carvalho - SEMANA 19


Saia justa é para os fracos... Rita passou por uma "calcinha justa"!

Observo que muito além de nos passar técnicas de dança a biografia de Rebaba é uma lição de vida, lemos e nos vemos em algumas situações, arregalamos os olhos em outras e definitivamente nos solidarizamos.

Quando tinha 26 anos, nos idos de 1980, ela já era uma conhecida bellydancer dançando em Paris em luxuosos clubes noturnos. O estilo de Rita não se assemelhava, aquele praticado por Miss J, no que diz respeito ao figurino, via-se trajes diminutos com muito corpo exposto e lindas curvas a mostra.  Nesta ocasião surgiu a oportunidade de se apresentar em um grande clube Grego e se tornar ainda mais conhecida e apreciada, aconselhada por seus empresários, o aceite e animação foi imediato.

Recordo-me algumas histórias que colacionei vida a fora, ouvindo e vivenciando, tanto no mundo da dança quanto naqueloutro que somos obrigadas a  estar. Pois bem, chegando em Atenas com entusiasmo a mil, sem falar grego e sozinha, Rita foi conduzida a seu quarto de hotel pelo proprietário da casa noturna espetacular que havia lhe contratado e posteriormente a seu camarim. Ainda que estranhando o armário de bebidas, improvisado em camarim estelar, afinal lhe foi vendido que ela seria  a grande estrela daquele clube nababesco, a pupila de Salimpour procurava se acalmar e negar seu sexto sentido que começava a sinalizar luz vermelha. Não demorou, o contratante a convoca para um drink com os clientes, algo totalmente contrário as cláusulas contratuais, dá pra imaginar e sentir a tensão na atmosfera pesada. As tentativas de dissuadir e furtar-se a tal incomoda "calcinha justa" foram inúteis, contudo este não seria o ponto alto da noite. A tudo isto acrescentamos, tu já viu um grego irritado? Imagine de um lado um grego fulo da vida e de outro a frágil Rebaba sem falar a língua local, filme de terror no estilo Fred x Jason.

Aproximando-se a hora de sua apresentação, Rebaba entendeu que naquela casa noturna todos shows que a antecederam foram de strippers e caberia a ela o encerramento da noite. Dá pra sentir o clima? 

Neste exato momento lembro de uma narrativa da Nakish mencionando um contrato que faria no Japão para suas pupilas... lembram?! Claro que sim, afinal tamo junto diariamente na leitura :) 

Pois bem, desesperou, chorou, tentou cancelar sua aparição, sentiu o peito oprimido, os gritos que muito embora em grego, do contratante, eram totalmente compreensíveis, no melhor estilo ou vai ou tá no sal, o útero na boca, mas nada funcionou e se viu na seguinte cena; nove shows de stripers a antecedendo, muito peito e bunda, nada de palco, banda então esquece e um público de homens e stripers a sua espera, bah.... cenário perfeito, né não?! Para surpresa de Rita, as lágrimas deram lugar a um largo sorriso, o temor de que os homens gritassem "tira tudo" se dissipou, talvez já satisfeitos de peitinhos e bundinhas, e o show se sucedeu sem maiores dramas. 

Fala sério, fiquei tensa só de me imaginar...

Obviamente o aprendizado se reverteu em muitas cláusulas contratuais e um melhor gerenciamento de futuras aparições. 

Agora diz aí....quanta calcinha justa você já passou, pelos mais diversos motivos? Lembro de algumas tensas!!! Desde o contratante que só quer carne nova e linda no palco...até o palco do tamanho de uma mesa,...lendo tudo isto entendo totalmente a preservação de nossas imagens/corpos que vimos sendo introduzidas por Masha (mas dela falaremos oportunamente).

Vamo que vamo
Xeros.

7 de outubro de 2014

191 - REBABA | RITA ALDERUCCI

 191 por Carine Würch - SEMANA 19

Vou lhe contar uma história sobre uma jovem, talentosa dançarina que era uma excelente entertainer e extremamente popular no mundo da dança do ventre profissional. No palco, ela era uma princesa, sensual e doce, como Marilyn Monroe: uma estrela. A mulher forte, feliz, que ela interpretava no palco combinando graça, uma vulnerabilidade sensual e uma persona elegante que conseguiu enganar a todos. Em seu mundo fora do palco, ela era uma garotinha assustada, emocionalmente atrofiada, insegura, que se sentia solitária e sem amor a maior parte do tempo. 

Ela ansiava por um amor verdadeiro como o tipo que via no cinema. Ela queria que esse "amor verdadeiro" fosse o tipo que consome e é apaixonado, que dura a vida toda, nos bons e maus momentos, e muito mais. Que "não importa o que a vida vai jogar em você, baby, nós estaremos juntos", era o amor que ela queria durante em seus sonhos perfeitamente românticos e exatamente o tipo de romance nos é prometido através de livros, revistas e, claro, a mídia. Tudo o que precisava era a química certa, e este tipo amor hollywoodiano iria aparecer magicamente, com um homem a tiracolo, e nós dois sabíamos que instantaneamente foi perfeito e nós fomos feitos um para o outro. 
Nossa jovem bailarina acreditava que ela via essa noção romântica de amor da platéia, como um espectador, aparentemente perto, mas nunca perto o suficiente para agarrar e segurar por conta própria. Felizmente para ela, ela foi capaz de capturar esta ilusão de amor de outra forma, enquanto no palco era dado a ela incondicionalmente por seu público. 

No entanto, o problema era que ela acreditava que ela só merecia esse amor enquanto ela estava representando "Rebaba". Portanto, esse ataque fugaz do amor incondicional que ela experimentou todas as noites no palco não foi suficiente para sustentá-la por muito tempo. Fora do palco, como ela mudava de volta para sua calça jeans e camiseta, ela também se transformava novamente em uma "pessoa normal", e o poder dado a ela por seu público rapidamente se dissipava, deixando-a assustada e sozinha mais uma vez. 


CONTINUA...

Texto original:

** Tradução livre por Carine Würch **

6 de outubro de 2014

192 - REBABA | RITA ALDERUCCI

192 por Maria Carvalho - SEMANA 19

Mais uma semana com Rita.
Sabe, tem bailarina que ensina muito além de técnica para dançar, são preciosos comentários (as vezes sutis) que ajudam na caminhada vida a fora. Certamente após todas essas semanas juntos (tamo juntoooo!!!) você já tem suas predileções, já elegeu com quem se identifica mais e com certeza se impactou pelas personalidades.

Digo isto, porque me sinto assim! Lendo Rita e Nakish é como se traduzissem o que penso. Acredito numa dança que vai além da natural sensualidade e curiosidade que despertam a Tribal e o Bellydance, creio piamente que a dança unifica - une e conclama os iguais a evoluírem, vejam... os iguais, beleza! A dança é, deve ser, libertadora, mesmo para aquelas que possuem uma absurda auto-crítica (eu, inclusa) o caminho leva a uma indiscutível catarse.

Segunda semana de Rebaba, assisti ao post do domingo, com a entrevista curtinha de Rita, com trajes a la Jamila e aquele sorriso já iluminou meu dia, é o sorriso dos que viram as trevas, foram até as suas labaredas, mas que voltaram e conseguiram elevar os olhos e ver a luz... a dança após esse caminhar se torna ainda mais significativa, há um quê de EU VOLTEIIII (credo lembrei de uma tenebrosa candidatura, Jesus).

Esse lance de fazer diversas danças diferentes, jazz, ballet, flamenco... bah, meu marido até comenta; "você precisa focar", mas pra mim a dança como um todo é o foco, os estilos, as culturas, a possibilidade de fusionar as distinções para convergir em algo homogêneo e significativo. O Marcelo do Tribal Brasil costuma dizer que descobriu em si um pouquinho do Brasil... escuto isto e sinto visceralmente. Então como focar? Só misturando tudo ao mesmo tempo, agora! Morou?!
Daí vem a Rita falar do sufoco pra pagar por tantos cursos e tanto aprendizado, até emocionei, quantos de nós não deixam de comprar roupa, ou sei lá... aquele gênero de necessidade, por conta do figurino, da chance de uma aula ali, para pagar em trocentas vezes o curso com a Carolena (tá chegando, u-huuu). 

O que Rebaba me transmitiu semana passada e assim prosseguirá nesta é uma mensagem (estilo, auto-ajuda kkkk)... ouvia muito das professoras de ginástica olímpica: forçaaaaa, confiiiiia. É bem por aí!!!

Se vc olhar pro lado e conseguir eleger uma pessoa a quem possa contar, debruçar a cabeça com o peso do dia e em troca receber o ombro, sorriso e apoio... tua caminhada na dança, na vida... enfim terá sentido. É como diria Elis..."eu quero uma casa no campoooo".

Tua dança, nossa inspiração.

E vamo que vamo que a segunda semana de Rita e sua vida agitada tá só começando.