24 de agosto de 2015

PILARES ENTREVISTA - KILMA FARIAS - CIA LUNAY

Kilma, a mulher das mãos que dançam! (by Maria Badulaques) 


Febril, assim definiria Kilma!

Com todos ingredientes de um bom vatapá, Miss Farias eletrizou as dançarinas ávidas por Maracatu, Cavalo Marinho... e os encantos das danças populares brasileiras. Recentemente em São Paulo, para uma série de Works de Tribal Fusion, Dark Fusion e Tribal Brasil no Espaço Vanna Tribal Bellydance, conhecemos ao vivo e em muitas cores o que a paraibana tem.
A conversa foi descontraída e não faremos o formato eu pergunto e tu responde... vou pincelando com vocês tudo que me chamou atenção, bem se for assim melhor por uns vídeos da mulher quebrando tudo, definição mais perfeita dos meus olhos esbugalhados e o coração pulsando no ritmo. Vamos lá!
Kilma nos descreveu o pilar da sua dança como: SEU CORPO. Não aceita rótulos, mesmo sendo a criadora do Tribal Brasil e a mais forte referência do estilo entre nós, o que ela busca é DANÇAR... o que? O que vier na moleira, porque técnica e conhecimento para executar, garanto, isso existe.
O work de Tribal Brasil foi jungido de muita técnica dos passos in natura do Maracatu Nação e Cavalo-Marinho, então entendendo essa dinâmica vem a fusão, com o que? Com o que lhe for mais orgânico, ATS(r), bellydance... é usar o que for sua zona de conhecimento, afinal fusionar demanda controle de duas técnicas, a base e a que será fusionada. Nababesco, saí com a sensação de estar no meio das ladeiras de Olinda-PE (saudade).

Além do Tribal Brasil, Kilma nos presentou com a Cia Lunay, internacionalmente conhecida, com vários trabalhos publicados e mais de 10 anos de trajetória.

"Hoje, a Lunay em João Pessoa-PB conta com duas formações: Lunay Tribal e Lunay  contemporânea. A primeira é composta por 9 integrantes que focam o trabalho no estilo Tribal - Luana, Juliana, Jaqueline, Cila, Andressa, Bárbara, Thamara e Kilma. A segunda é composta por Guilherme, Ademilton, Luana, Juliana, Jaqueline, Kilma e Rayssa. A proposta de trabalho é focada na percussão corporal, diversidade de linguagens e identidades." (Kilma)

AGORA A GRANDE NOVIDADE!!!
Prepara o pulsante: Haverá um núcleo da Cia Lunay em São Paulo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"Em São Paulo, a Lunay chegará aos poucos, buscando um corpo próprio, que só o tempo poderá delinear de acordo com as afinidades das integrantes. O processo de formação será por audição e contará com a direção de Aldenira Nascimento e Maria Badulaques." (Kilma)
 

Estávamos muito ansiosas para anunciar esta notícia, afinal quem ama o Tribal Brasil, como nós, poderá ter mais um ponto de referência pra estudos e desenvolvimentos de projetos. Em breve, publicaremos sobre as audições que serão no Espaço Vanna Tribal Bellydance (São Paulo-SP), Espaço de Danças Gira Ballo - Academia Healthy Life (Indaiatuba-SP) e Elektra Studio de Dança (Campinas-SP).
Falaremos sobre todo o processo e esperamos você, com muito axé no pulsante. Yeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeees!!!
Há vários trabalhos de Kilma e da Cia Lunay, mas a força da lavadeira muiiito me representa. Emocionei!!! Se você se conectou, arruma as trouxas e vem se encontrar neste processo chamado DANÇA.
Para você se familiarizar e conhecer mais do Lunay, Kilma nos separou este texto. Super xeros no pulsante!

Um corpo de dança chamado Lunay.

Quando me perguntam há quanto tempo a Lunay atua no cenário da dança, de pronto respondo há 10 anos. Mas nesses dias em que se aproxima o evento comemorativo do nosso grupo e do estilo que pude desenvolver com ele, o Tribal Brasil, me pus a pensar e acabei por levantar alguns questionamentos que resolvi compartilhar com os amigos de movimento.

O primeiro deles seria: um grupo já nasce grupo? A Lunay já nasceu Lunay?

Pragmaticamente falando eu diria que sim, que em abril de 2003 eu precisei colocar um nome no meu grupo de alunas com as quais montei “Dança do Ventre: Da Energia ao Movimento”, espetáculo que lançou meu livro homônimo, pela Editora Universitária da UFPB, e que, na ocasião, Lunay me pareceu agradável, sugerindo uma hibridação de Dolunay (lua cheia em turco) com Luna (lua para diversos países latinos). Unir oriente e ocidente sempre foi uma tarefa que assumi como missão e que deixo de herança para a Lunay. Em 2003 eu já dançava “Bicho de 7 cabeças” na versão de Zé Ramalho no espetáculo “Dança do Ventre: Da Energia ao Movimento”, unindo dança com espada e dança de Iansã. Esse espetáculo nos conferiu o Prêmio de Melhor Produção em Dança em 2005 na XII Mostra Estadual deTeatro e Dança da Paraíba.


Subjetivamente falando, sinto que a Lunay veio nascendo ao longo do tempo, dos espaços ocupados, dos movimentos desenvolvidos. Que cada sugestão de suas integrantes se somava nesse corpo imaginário, conferindo personalidade ao que chamamos de grupo. Muitas vezes percebia que essa personalidade levava esse corpo a múltiplos caminhos e como quem procura a saída de um labirinto eu ia conduzindo, dirigindo, para focar a caminhada tornando os passos mais decididos.

Assim surge o estilo Tribal Brasil, característica marcante da Lunay. Em cada gesto, em cada significância, está a essência desse corpo de dança que fala por si só, que não necessita de rótulos, nomes, marcas. Somos além dos nossos corpos. Hoje, contamos com 14 integrantes que se distribuem entre os grupos Lunay PB e Lunay PE, mas somos acima de tudo a soma de todos que contribuíram e contribuem para que sejamos grupo. Somos um “corpo abstrato” e nesse corpo encontramos traços das primeiras integrantes da Lunay, de cada professor do nosso projeto Cultura em Movimento, das bailarinas parceiras da Caravana Tribal Nordeste, dos professores internacionais de Tribal Fusion, das cidades, estados e países por onde passamos; dos filmes que assistimos, das músicas que ouvimos, dos livros que lemos, dos poemas que escrevemos e sentimos, dos risos que espalhamos, das lágrimas que permitimos, do chegar e partir, do eterno ir e vir, do inspirar e transpirar arte e vida.

Em 2005, dos encontros ente eu e Jaqueline Lima com os músicos Magno Job e Victor Ramalho esboçamos um novo grupo de estudo onde o ritmo e a música ao vivo seriam um quinto integrante em cena. E para diferenciar dos trabalhos com a Lunay pensamos em batizar de “Quatro Luas”. No desenvolver do projeto, outros músicos se somaram a exemplo de João Cassiano e Roberto Sansão, assim como o Victor precisou se ausentar. Outras bailarinas da formação da Lunay na época se interessaram a exemplo de Bianca, Ana Cristina, Claudia e Natália. Assim, achei por bem seguir com o nome Lunay e assumir os novos traços na personalidade do grupo que passava a trabalhar com música ao vivo e fusão de danças afro-brasileiras e populares com nossa conhecida dança do ventre. Outras parceiras se somaram a esse processo: Noemi Paes, Fabiana Rodrigues e Veronica Alves. Da imersão em laboratórios de dança afro, aulas de percussão, circo e yoga surgiu “De Corpo e Alma” em 2006, sendo o marco oficinal do primeiro espetáculo da Lunay com o estilo Tribal Brasil.

O grupo chegou a contar com 23 integrantes em sua primeira formação em 2003. Eram elas: Michelle Pinto, Joyce, Eli Cleide, Inês, Jaqueline Lima, Bianca, Ana Cristina, Jucy Vieira, Noemi Paes, Clara Talha, Alzenira, Ianey, Claudia Cavalcante, Helenita, Sara, Karlênia, Vanessa, Lane, Rayssa Ramos, Karla,Eliane, Daniela e eu, que de forma intuitiva, acumulava as funções de diretora, coreógrafa, preparadora física, professora, diretora musical, produtora e pesquisadora.

Em 2006, éramos 12 em nossa segunda formação, eu, Jaqueline Lima, Ana Cristina,Bianca, Claudia Cavalcante, Natália Teixeira, Fabiana Rodrigues, Noemi Paes, Veronica Alves, João Cassiano, Magno Job e Roberto Sansão. Aqui as divisões de tarefa começaram a se esboçar e Jaqueline assume concepção de figurino, assim como João Cassiano a Direção Musical.
Em 2007, realizamos a primeira audição para o corpo de baile da Lunay, pois todas as minhas alunas da turma avançada desejavam integrar o grupo que não tinha condições de absorver tanta bailarina. Foi a terceira formação da Lunay. Foram selecionadas Laíz Aline, Danúbia Lima, Kely Maurien, Veronica Alves, Natália Teixeira, Fabiana Rodrigues e Jaqueline Lima. Integravam ainda eu e os músicos João Cassiano, Victor Alfonso e Mariana. Aqui, as coreografias passaram a ser divididas com as integrantes mais antigas do grupo que contribuíam com suas propostas.

O processo da audição continuou acontecendo de modo anual e em 2008 passamos a ser 8 integrantes: eu, Jaqueline Lima, Fabiana rodrigues, Kely Maurien, Camila Simões, Natália Teixeira, Rayssa Ramos e Manuela Acioly. Montamos o espetáculo Troupiniquim centrado no Tribal Brasil e na Dança do Ventre com influência das danças populares do Nordeste, estilo chamado Ventre Brasil. Com este espetáculo a Lunay conquistou o Primeiro Lugar em Dança na XV Mostra Estadual de Teatro e Dança da Paraíba e chegou a representar nosso estado no Fenarte de 2010. Creio que conquistamos também uma certa maturidade, pois o grupo já caminhava por si só.

A quinta formação contou com 4 integrantes em 2009 que muitas vezes teve a participação especial dos músicos João Cassiano e Dj Chico Correa. Período de apresentações intensas em outros estados do Brasil devido ao crescimento do estilo Tribal. Nessa formação atuaram como bailarinas Jaqueline Lima, Fabiana Rodrigues, Kely Maurien e eu. É dessa época meu primeiro DVD didático, Tribal Fusion com Kilma Farias.


Só em 2011 alteramos a formação convidando duas alunas da turma avançada de Tribal, Juliana Garcia e Jackeline Mendonça para também integrarem o grupo. Com esse grupo desenvolvemos a Caravana Tribal Nordeste em parceria com grupos de outros estados e terminamos por montar os espetáculos Caravana e Tribal Brasil, dois trabalhos que foram contemplados pelos editais de cultura do nosso estado, visando circulação e formação de público para dança.

Em 2012 tivemos dois marcos importantes: o professor Guilherme Schulze (UFPB) entra para o grupo contribuindo com direção coreográfica e a realização da audição para a formação da Lunay PE em Recife. O grupo passou assim a ter 14 integrantes, sendo a sétima formação da Lunay. Em Recife, dirige o grupo a bailarina Karina Leiro e foram selecionados Danilo Dannti, Harumi Fukahiri, Tamyris Farias e Daniela Albuquerque. Na Lunay PB, ingressaram também nessa época Luana Aires e Priscila de Carvalho. Desses novos estudos surgiu o espetáculo Axial que comemora os 10 anos do grupo.
Hoje, em 2013, continuamos movimentando o “corpo Lunay” e nossas pesquisas caminham novamente para o ritmo, percussão corporal, música e dança ao vivo. Passa a fazer parte do grupo o percussionista e bailarino Ademilton Barros e o diretor coreográfico, Guilherme Schulze, também passa a integrar o corpo de baile.
Percebo hoje que a Lunay renasce a cada dia, estando em constante formação, e que, assim como a lua, vive cada fase na busca de sua expressão, de sua verdade.

Levar nossas construções e desconstruções aos sentidos de quem compartilha conosco de sua presença é o resultado mais sublime de toda essa busca. Após caminhar 10 anos, descubro que não há pressa em se chegar a lugar algum porque o bom mesmo de toda essa caminhada é ir apreciando o colorido, as formas, os aromas e sabores dessa paisagem que chamamos de Dança.

Quem nos assiste também é Lunay, quem nos nega também o é. Quem deseja entrar para o grupo oficialmente, de modo subjetivo já faz parte. Compartilhar é “fazer parte com”, é contribuir, é tocar nosso “corpo abstrato”, é suavemente ser parte da mudança de cada frase dessa doce melodia. Inspirar o trabalho de outros bailarinos é também fazer parte, é estar contido, é ser referência prática e não apenas teórica, é assumir ser herança como sendo parte abstrata de outros grupos, é compartilhar dessa dança.


Eu sou Lunay. E você?




*Tá se perguntando sobre as mãos que dançam?
No nordeste somos sem cerimônia e avexados! (Bem, a maioria de nós) A mãe de Kilma quando a colocava pra lavar louças....dizia: saia daí que vai quebrar tudo com essas suas mãos que dançam.
Amei a história, lembrei da minha avó Marina e seu avexamento.




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