Mostrando postagens com marcador Semana 24. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Semana 24. Mostrar todas as postagens

16 de novembro de 2014

151 - ATASH

151 por Carine Würch - SEMANA 24

Falando de pessoas expoentes, líderes, assim como falando de nós, pessoas comuns, sempre percebemos que haverá os dois lados da moeda, as duas versões, os dois (ou mais) pontos de vista.

Trazer estes pontos para o Pilares, engrandece o trabalho, afinal, estamos falando de humanos. Falhos, com erros, acertos, dúvidas. Mostra a história por todos os lados, e não apenas um romance bonito, uma história pintada e bordada com nossas moedas e assuits (rsrsrsrs). O diálogo e a diferentes perspectivas nos fazem crescer, e nos fazem pensar!

Quem está a frente, normalmente precisa dar uma direção, e isto custa, pois não agrada, e nunca agradará a todos. Desde que a pessoa se mantenha verdadeira aos seus princípios e verdades, seja honesta, sem a necessidade de "passar a perna" em ninguém, nunca isto será ruim.

Deixo mais um texto para nossa reflexão, seguindo o que começamos com Selwa.

Texto de Sadira para o Gilded Serpent

Comecei a estudar Dança do Ventre em 1972, logo nos primórdios de sua existência aqui na área da Baía de San Francisco. Havia apenas um grupo que era considerado "O Único" grupo de dança, dançarinos, ou instrutores, que tinham qualquer fundamentação no cenário da dança do Oriente Médio. Se você não pertencia a esse grupo, era como fosse um exilado! Era como uma guerra real, às vezes. Para mim, uma cena estranha. Como uma jovem de 17 anos, vinha com o "Peace and Love Generation", onde todos deveriam trabalhar juntos.

Eu não tinha experiência com as intrigas políticas do mundo da arte, nem com as crueldades que os artistas que se opunham, usavam como justificativa, em nome  "Da Dança"!

Muitos bailarinos sentem, como eu, que Jamila Salimpour e sua Trupe "Bal Anat" merecem grande respeito e homenagem, dada a enorme influência que tiveram sobre bailarinos e estilos de dança na área da Baía de San Francisco durante esse tempo. No entanto, havia um lado muito escuro para o cenário da dança. Se você não dançasse e estudasse com Jamila, ou com um de seus professores designados, você era considerado um rejeitado, muitas vezes, propositadamente, esnobado e, por vezes, eram feitos esforços para sabotar sua dança ou shows.

de faeorain - deviantart

Jamila era considerada por muitos locais, como a grande matriarca da dança. Me lembra a Alta Sacerdotisa no Tarot, exceto por ela parecer uma versão Kali mais sinistra e mais dark.

Isso, é claro, era porque eu não era um membro de seu grupo, estava ligada aos "Os Outros". 

Nunca tive o privilégio de conhecer ou ver o lado benevolente de sua presença, nem era alguém que eu conhecia naquela época. 

Jamila sempre pareceu maior que a vida, seja no palco do Renaissance Faire ou no palco do  Casbah Cabaret, presidindo suas noites de estudantes ou "festivais da lua". Ela parecia uma presença imponente, com as penas escuras de avestruz que adornavam seu enfeite de cabelo. 

Tudo o que se podia ver era seu rosto bonito, branco, com seus olhos escuros, delineados de Kohl e suas tatuagens falsas. No entanto, havia os olhos... perfurando, comandando, condenando e exalando energia. Você sabia que você tinha que estar na presença de uma Deusa, pois aquela energia, para muitos bailarinos, os consumia.

A maioria dos dançarinos no Casbah eram de sua comitiva, e eles eram os dançarinos mais incríveis que eu já tinha visto. 

O Renaissance Faire... quando os sons dos mizmars e zornas tocavam ao longo dos recintos, éramos puxados, hipnotizados, para a apresentação que acontecia.

Embora Jamila agora admita publicamente, que a maior parte de sua dança era invenção, e apenas em parte, real, isso não foi reconhecido nos primeiros tempos na Bay Area Belly Dance.

Esta era a única verdadeira maneira... de dançar, de vestir... caso contrário, seu trabalho era considerado inútil, ou não-autêntico.

Vendo tudo a partir da perspectiva de quase trinta anos de dança, agora vejo a ironia que muitos dançarinos começaram a reinventar o "Estilo Tribal" em "American Tribal Style", e me lembro daqueles dias de volta na década de 70, quando o étnico estilizado era a única maneira de "verdadeira" de dançar. Agora, vestidos de Assiut com moedas estão de volta em grande estilo, vs. pérolas, pulseiras, e brilhantes tecidos transparentes. Muitos dos novos bailarinos de hoje não têm idéia das origens da dança dos anos 70, quando aquele olhar era o único "aceito". A História se repete... Eu lamento a morte da verdadeira individualidade e criatividade que levou tanto tempo para desenvolver entre os dançarinos americanos. Ainda há muitos que se destacam, por exemplo, Suhaila Salimpour, filha de Jamila, que está abrindo novos caminhos e dança sua própria dança.

Eu tive a infeliz experiência (aos olhos de dinastia a Salimpour), de ter aulas de dança de uma professora, Atash, que foi banida do Bal Anat Troupe, por se atrever a ensinar, sem a aprovação de Jamila. Jamila tinha que dar sua aprovação a qualquer professor que estivesse afiliado a sua instrução.

Se ela não anunciasse que você podia dar aulas sob sua orientação, e você saísse por conta própria... você, com certeza, se toRnaria um dos "os outros"!

Atash tinha sido uma dançarina de espada do Bal Anat Troupe. Ela tinha começado a ensinar antes Jamila dar-lhe sua bênção. Assim, ela e todos os que vieram depois dela, foram fortemente controladas na comunidade de dança e foram levados a acreditar que eramos ignorados. Infelizmente, toda a política de "esfaquear pelas costas" tornou-se demais para minha professora, e ela se aposentou depois de apenas alguns anos de ensino.

Etnia (étnico) era o estilo, e tudo mais era quase impensável! Sutiãs e cintos de moedas, saias listradas pesadas e véus, dois pares de saias circulares e pantalonas, juntamente com vários cachecóis e autênticas jóias Afghani e turcomanas. Esta era a única maneira correta de se vestir para a dança. Eu acreditava que se você usasse alguma coisa diferente do que este tipo de figurino, você não era uma "dançarina real".

Esta disparidade entre o estilo étnico e o estilo cabaret ccontinuaram por muitos anos, até que os vídeos e músicas do Egito nos mostraram Nagua Fuoad e Sohair Zaki, num estilo muito cabaret.

Estudei com muitas professoras, principalmente aquelas que têm sido extraordinárias por o seu próprio talento e autenticidade, com os vários estilos de dança entre Egito, África do Norte, Arábia Saudita, Pérsia ou da Arménia.

Minha mais próxima e influente professora foi Rhea. A vi pela primeira vez dançando com sua trupe no Naji Baba Television Show. Depois de assistir Rhea na televisão, eu ansiava por copiar seu estilo de dança vigoroso e enérgico. A conheci, tornei me aluna, amiga e membro de sua trupe "Nara Nata", por um longo período.

O restante do artigo está traduzido aqui.

FONTE:
** Tradução Livre - Carine Würch **

15 de novembro de 2014

152 - SELWA

152 por Maria Carvalho - SEMANA 24

Os outros...

Estudando sobre Selwa, de quem nunca tinha ouvido falar, me deparei com uma história comum em nosso meio, "os outros"!!! Continuo acreditando ser fundamental o estudo sobre nosso antepassado, observando com lucidez que se tratam de vidas e seres humanos são falhos, com isto em mente imaginar atitudes mesquinhas, soberbas é natural e até um pouco esperado.

Replico sempre que possível, a política do endeusamento gera problema ao "objeto/pessoa" de adoração e aos adoradores. Se partirmos do pressuposto que a dança tem "n" formas de se expressar e que cada professor estará expondo sua versão, uma em milhares, ficará nítido que não há uma verdade, há um universo de possibilidade e uma formação profissional ou mais enraizada demanda que se conheça diversas, centenas maneiras de ver o mesmo ponto de luz.

Na prática, as panelinhas se fortalecem, os que não fazem parte são os outros, figura que já existia nos idos de Jamila, Selwa... se a bailarina vinha do secto de Miss J, era aceita, caso contrário virava uma integrante da horda dos indesejados, menciona Sadira, em suas memórias. Se tinha a benção de Salimpour, poderia ministrar aulas, caso contrário toda uma "linhagem" de alunos estava condenado ao ostracismo. Entendo que o objetivo era garantir um padrão de qualidade, uma linha de trabalho, porém se pode descobrir várias maneiras de dizer o mesmo conceito, sem que um esteja mais certo que o outro.

Há as professoras que ainda incentivam de forma clara e eficiente à suas pupilas ficarem restritas a seus ensinamentos e área de conforto, ora você só vai saber se dança quando sair da zona de conforto, ir no epicentro do furacão e colocar-se a prova. Estamos num mundo globalizado, a informação está disponível e acessível, muitas vezes num teclar de dedos, permanecer na escuridão, só por opção.

Este ano estive em um Festival de Dança onde todos os convidados faziam parte da apresentação de Gala, não havia estrelas e astros menores, somente uma unica constelação de seres que brilham, fantástico! Vejo a dança com essa democracia, igualdade e isonomia, o universo tribal deve ser um mundo de respeito e acolhimento, onde todos são bem-vindos ao clã, venham de onde vier.

Sartre dizia com categoria que "o inferno são os outros", recentemente ouvi um pensador (já me esforcei pra lembrar a fonte....naaadaaaaa)  desdizê-lo com base no livre pensar, ele afirmava "os outros são a solução" afinal somos seres coletivos, um abraço pode mudar um dia cinzento, e como pode. 

Um abraço forte com um xero no coração
Vamo que vamo.

14 de novembro de 2014

153 - SELWA

153 por Carine Wurch - SEMANA 24

Broadway, Sao Francisco, foi destaque no tempo. O Casbah, sempre atraiu as dançarinasde estilo mais "tradicionais". Era como estar dentro de uma tenda beduína, com o palco em destaque, em um ambiente escondido, como um tesouro. Para a maior parte das bailarinas lá, pelo menos no início, eram do grupo de Jamila. Haviam várias dançarinas extraordinárias. 

Duas das principais estrelas do palco naquela época, eram Selwa e Aida

A sua presença naquele pequeno palco tirava-me o fôlego. A música ao vivo de Fadil Shahin, cantando e tocando oud, Jalal Takesh no Kanoun e Salah Takesh no dumbek (tabla) era incrível. 

Minha coisa favorita era ver Selwa dançar. Ela dançava com seu cabelo negro, cor de carvão, e belos olhos amendoados, envolta em seu véu como uma flor desabrochar. Ela tinha os mais incríveis 3/4 shimmies, e que não vi iguais até hoje. Os shows eram de quase uma hora, e seguiam o esquema de cinco partes, que foi se tornando padrão: entrada, véu / taqsim, parte do meio com mais exuberância, trabalho de chão (com queda turca), música, solo de derback  e finale.

Uma noite, quando estava no Casbah Cabaret, tinha uma nota de dólar, e planejava dar de gorjeta para Selwa. Para ilustrar a você o quão profundo e perturbador o abismo entre os bailarinos Salimpour e "Os Outros" era:

Enquanto Selwa dançava próxima a mim, estendi a mão com a minha oferta , a dançarina eu admirava tanto, propositadamente girou para longe de mim e não aceitou meu dinheiro.

Era muito comum ter outras dançarinas, que sabiam que você era uma artista, ou estudante, esnobar você nos clubes, e recusarem suas gorjetas." (Sadira)
Esnobar as colegas é feio, estamos de olho!
Na foto:  Zizi Mostafa
Nada a ver com o bafafá acima...

[comentário do editor: Foi a minha percepção que algumas dançarinas, amigas entre si, também recusavam aceitar gorjetas de outras dançarinas que conheciam, a fim de manter o custo de ir para os clubes repetidamente, mais acessível. Algumas dançarinas foram homenageados pela mesma prática, a qual foi considerada uma afronta entre as duas facções.]

FONTE:
** Tradução Livre - Carine Würch **

13 de novembro de 2014

154 - GALYA

154 por Maria Carvalho - SEMANA 24

Sempre que escolhemos alguém para pesquisar e trazer a baila, há uma conversa entre eu e Carine, no melhor estilo "mais não me identifiquei com essa pessoa", "nossa, me senti dançando ali" e por aí vai. 

Quando vi os posts de Galya, que infelizmente não tem muitos registros, paralisei no figurino, aí siiiim - identificação imediata, headpieces - u huuuu!!! 

Vamos falar deles, o acessório que faz nossa cabeça.

E o que é um headpiece? Digo que é a identidade de uma bailarina, hipnotiza o olhar e só depois de uma boa conferida conseguimos concentração pra ver a dança. Eles caminham em vários mundos, vintage, rocker, romântico, não há limites... talvez o céu?! São típicos da Fusão. No ATS ou se usa turbante ou as flores e mais flores (inspiradas no Flamenco).

Theda Bara, uma atriz do cinema mudo americano (1920) também nos serviu de inspiração, não tem jeito, o headpiece veio pra ficar, entrou pela porta da frente e anda ganhando características cada vez mais marcantes, criativas e exuberantes.

Destaco alguns, inspirados no que li de Galya, talvez a mais tribalistas das pupilas de Jamila, sem mencionar Masha, lógico... até eu "tou na onda", fiz esse headpiece para minha primeira aparição Tribal, queria algo com minha energia e personalidade, difícil é encontrar material (afffe e caro, por isso volto naquela tecla, usemos nosso material, artesanato, criatividade - se joga).

Lembrando que nenhum animal foi maltratado para que eu conseguisse as penas do meu cocar-piece (recolho minhas penas na natureza :) , mas tou num projeto de Pavão 2015... vou pedir um de Natal e cuidar com todo carinho e amor.
kkk.

O que faz sua cabeça?
Xeros e vamo que vamo.

12 de novembro de 2014

155 - GALYA

155 por Carine Würch - SEMANA 24


"Jamila considerava Galya Copas sua maior conquista, porque ela era uma dançarina fabulosa, e se davam bem, eram próximas. Até mesmo John Compton diria que ela era uma dançarina fabulosa. 

Quando ela dançava no Bagdad, ela só fazia dois shows, pois essa era toda a energia que ela tinha. Mas era paga da mesma maneira que os dançarinos que faziam três shows por noite."  (Gayle)
FONTE:
** Tradução Livre - Carine Würch **

11 de novembro de 2014

156 - GALYA

156 por Carine Würch - SEMANA 24



"A The Greek Taverna oferecia uma apresentação de dança do ventre como parte tanto do "jantar-show" e depois "cocktail-show". Se a casa estava indo bem bem, um terceiro "cocktail-show" era apresentado. 

As dançarinas do ventre eram geralmente muito bonitas e a gerência da casa preferia que elas usassem figurinos brilhosos e dançassem com saltos altos, embora havia uma variedade de mais tipos de "tribais", como Rhea e Aida al-Adawi, que também dançavam com freqüência. 

Cheguei a ver uma apresentação da incrível Galya, que parecia ter despertado de algum túmulo antigo, para lançar um feitiço sobre todos nós..." (Elaine)




Fonte
** Tradução Livre - Carine Würch **

10 de novembro de 2014

157 - GALYA

157 por Carine Würch - SEMANA 24


"Ocasionalmente, durante a aula, Jamila levava um aluno avançado para demonstrar movimentos. Eu estava hipnotizada pela calma graciosa e exótica da majestosa Galya

Ela foi a primeira bailarina que vi, a qual usava um traje de cabaré, com um toque tribal, um estilo característico do início dos anos 1970, e que os dançarinos de Jamila ajudaram a popularizar. 

Seu headpiece tinha moedinhas penduradas nas laterais e uma série de elos ligando a moedas, que formavam um ornamento, como um casquete - como pequena, reminiscência de fotos antigas de Theda Bara de 1920. Ela estava coberta de jóias antigas, pulseiras de prata.  Assuit era a assinatura de Jamila e de seus dançarinos. Os lenços com fios de liga de prata hexagonaisentrelaçados em padrões geométricos, davam ao tecido um look meio-pesado e um brilho encantador. Era procurado avidamente, e cobiçado pelos alunos de Jamila." (Yasmela)


Fonte:
** Tradução Livre - Carine Würch **