4 de dezembro de 2014

133 - MASALIMA / SATRINYA

133 por Carine Würch - SEMANA 27

Parte 3 - Na Broadway e North Beach

Naquela época, North Beach era uma área cheia de histórias. Aprendi que Fadil havia trabalhado no Bagdad, e que pretendia abrir seu próprio clube. Quando contou isto a George Elias, George perguntou para onde iria. Fadil disse lhe disse: "Praticamente aqui ao ao lado". Fadil, de acordo com George, não levou apenas bailarinos com ele, mas os músicos também, juntamente com o bartender Haroun, e até mesmo George o porteiro! E assim os ânimos se exaltaram. Dançarinos que se dividiam entre os dois clubes, não podiam maisnos dois lugares! Tentávamos nos infiltrar no Casbah antes da hora de abertura Bagdad. Sempre cuidando para não sermos pegos.

Lembro-me da primeira e única "Noite das Alunas" que Jamila fez no Bagdad, enquanto estava lá. Yousef e ela se desentenderam no último minuto, e ela se recusou a participar. Enviou Meta para representá-la.

Meta aparentemente não tinha permissão para dançar, porque ela era muito jovem para atuar em clubes noturnos. Com apenas dezoito anos, mas conseguiu fazer um solo, de qualquer maneira.

Outra aluna, aparentemente disse a Aida o que tinha acontecido. Meta "ficou de molho" com sua professora (Jamila), por um bom tempo! 

Havia uma rivalidade grande e permanente entre Meta e Aida. Ambas começaram a ter aulas ao mesmo tempo, e cada uma acabou pensado que seria a melhor bailarina entre o grupo. Uma noite no camarim do Casbah, Meta ia dançar em uma das "Festas da Lua" e esqueceu seu perfume. Ela pegou um vidro do "Jungle Gardenia", e eu disse: "este pertence a Aida". De imediato, ela atirou o vidro de perfume no chão.

Magana Baptiste

Nas quartas-feiras a noite, eu dançava junto com Kismet e Vallie. Embora Kismet dançasse na trupe de Jamila, ela tinha tido aulas com Magana Baptiste na Royal Academy of Dance, em Sao Francisco, que não foi a primeira escola de dança a ensinar dança do ventre em Sao Francisco, mas foi, talvez, a primeira que fez formalmente. (Por acaso meu pai conhecia Walt Baptiste, e disse que Walt era um ótimo fisiculturista e sua esposa era conhecida como uma "Hindu Dancer".)

Sempre haviam boatos sobre as pessoas nos clubes e sobre algumas dançarinas que saiam com os clientes. Minha primeira noite lá, no camarim, ouvi uma dançarina perguntado a outra coisas muito depravadas, e até hoje, não sei se ela estava falando sério!

Também conheci o infame "Príncipe M. da Arábia Saudita". Ele se sentava no bar e mantinha uma corte, com o proprietário, os músicos, e qualquer pessoas do seu interesse. Sempre que ele pegava um cigarro, cinco isqueiros apareciam a sua disposição imediatamente.

Vallie me disse em tom de queixa: "Ele costumava me dar notas de vinte, quando gostava de mim." Aparentemente, ele estava encantado com uma dançarina chamada Shiraz, que tinha sido uma das alunas de Bert

Sim, Prince M. tinha uma reputação incomum. As pessoas diziam que ele era um sócio silencioso, subsidiando o Casbah, mas não sei nada sobre isso. Sei que quando ele entrou no Casbah, todos pareciam lhe prestar algum tipo de homenagem. No entanto, algumas das bailarinas, se referiam a ele com desdém, e o chamavam de: "A Barata" - por trás das costas, é claro.

Naji Baba

Outro "item" na cena de dança era Naji Baba. Ele tinha seu próprio programa de televisão nas noites de sábado e domingo à tarde. Era chamado de "Dança do Ventre com Naji Baba". Naji geralmente tocava o derbak e cantava. Sahara era a dançarina da casa, e muitas vezes fazia um solo em cada show, exceto aquele que Najia e eu fizemos com seu grupo de dançarinas, Abdullah no violino, e Taka no derbak. 

Jamila nos disse, durante uma pausa em sua aula, que Naji iria "inclusive nos dar café da manhã, se dançássemos no seu programa." O que ela estava querendo dizer, não sei, porque Naji tratou, tanto eu, quanto Najia, com grande respeito. Naturalmente, todos nós assistíamos seu show e analisávamos duramente as dançarinas. Ele e Aida tinham uma antipatia mútua. Ele a acusava de assassinar cada música árabe que ela já cantou. Não sei o que exatamente ela tinha contra ele... talvez fosse que ele a acusava de assassinar cada música árabe que ela cantava.

Najia

O Casbah foi, de acordo com Jamila, o lugar para se apresentar. Havia também dança flamenca, além da dança do ventre. George, o porteiro, entretia as pessoas na calçada, enquanto fumava seus stogies.

Quando Jamila fazia suas "Noite das Alunas", toda primeira segunda-feira de cada mês, a casa lotava. Ela dava palestras, passava filmes, e uma vez, uma equipe de filmagem estava lá para documentar ela, e sua interpretação da dança. Quando as meninas dançavam o "Moon Celebrations" a cada mês, cada uma de nós usava tops e cinturões prata e preto com moedas. Cada uma de nós não fazia nada para ofender Jamila!

Jalaladin Takesh tocava Kanoon no Casbah, e depois um árabe baixinho, chamado Gilli-Gilli tocava derbak e fazia piadas. Fadil Shahin era o oudist e cantor, e ainda produziu seu próprio álbum. Aida foi a rainha do Casbah, dançando lá como umas das três principais, cinco noites por semana, até que ela teve um desentendimento com Príncipe M. e foi reduzida para três noites por semana. As particularidades, desconheço, mas quando ela dançava, e iam até a platéia para pegar as gorjetas, ele saía até que ela voltasse ao palco.

Sonya foi contratada para dançar no Casbah. Ela era uma menina russa, e veio de uma família ortodoxa rigorosa, que a contragosto lhe permitiu dançar com a gente, apenas durante a Renaissance Faire. Sem o conhecimento da família, ela havia se tornado a queridinha da casa, e a dançarina número um. Os árabes a amavam. Quando lhe disse quão maravilhosa Sonya era, minha amiga Judy foi assistir sua apresentação. "Eu fiquei tão decepcionada", queixou-se a mim. "Tudo o que ela fez rodopiar pelo palco e durante seu "floorwork" ela se abanou e podia ouvir Jalal dizendo: comece a dançar.

Ela continuou dançando no clube por de um ano, até que seu irmão acidentalmente viu suas fotos na janela da casa noturna em frente ao clube. A família dela colou um fim abrupto à sua dança.

FONTE:
** Tradução Livre por Carine Würch **

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