15 de novembro de 2014

152 - SELWA

152 por Maria Carvalho - SEMANA 24

Os outros...

Estudando sobre Selwa, de quem nunca tinha ouvido falar, me deparei com uma história comum em nosso meio, "os outros"!!! Continuo acreditando ser fundamental o estudo sobre nosso antepassado, observando com lucidez que se tratam de vidas e seres humanos são falhos, com isto em mente imaginar atitudes mesquinhas, soberbas é natural e até um pouco esperado.

Replico sempre que possível, a política do endeusamento gera problema ao "objeto/pessoa" de adoração e aos adoradores. Se partirmos do pressuposto que a dança tem "n" formas de se expressar e que cada professor estará expondo sua versão, uma em milhares, ficará nítido que não há uma verdade, há um universo de possibilidade e uma formação profissional ou mais enraizada demanda que se conheça diversas, centenas maneiras de ver o mesmo ponto de luz.

Na prática, as panelinhas se fortalecem, os que não fazem parte são os outros, figura que já existia nos idos de Jamila, Selwa... se a bailarina vinha do secto de Miss J, era aceita, caso contrário virava uma integrante da horda dos indesejados, menciona Sadira, em suas memórias. Se tinha a benção de Salimpour, poderia ministrar aulas, caso contrário toda uma "linhagem" de alunos estava condenado ao ostracismo. Entendo que o objetivo era garantir um padrão de qualidade, uma linha de trabalho, porém se pode descobrir várias maneiras de dizer o mesmo conceito, sem que um esteja mais certo que o outro.

Há as professoras que ainda incentivam de forma clara e eficiente à suas pupilas ficarem restritas a seus ensinamentos e área de conforto, ora você só vai saber se dança quando sair da zona de conforto, ir no epicentro do furacão e colocar-se a prova. Estamos num mundo globalizado, a informação está disponível e acessível, muitas vezes num teclar de dedos, permanecer na escuridão, só por opção.

Este ano estive em um Festival de Dança onde todos os convidados faziam parte da apresentação de Gala, não havia estrelas e astros menores, somente uma unica constelação de seres que brilham, fantástico! Vejo a dança com essa democracia, igualdade e isonomia, o universo tribal deve ser um mundo de respeito e acolhimento, onde todos são bem-vindos ao clã, venham de onde vier.

Sartre dizia com categoria que "o inferno são os outros", recentemente ouvi um pensador (já me esforcei pra lembrar a fonte....naaadaaaaa)  desdizê-lo com base no livre pensar, ele afirmava "os outros são a solução" afinal somos seres coletivos, um abraço pode mudar um dia cinzento, e como pode. 

Um abraço forte com um xero no coração
Vamo que vamo.

14 de novembro de 2014

153 - SELWA

153 por Carine Wurch - SEMANA 24

Broadway, Sao Francisco, foi destaque no tempo. O Casbah, sempre atraiu as dançarinasde estilo mais "tradicionais". Era como estar dentro de uma tenda beduína, com o palco em destaque, em um ambiente escondido, como um tesouro. Para a maior parte das bailarinas lá, pelo menos no início, eram do grupo de Jamila. Haviam várias dançarinas extraordinárias. 

Duas das principais estrelas do palco naquela época, eram Selwa e Aida

A sua presença naquele pequeno palco tirava-me o fôlego. A música ao vivo de Fadil Shahin, cantando e tocando oud, Jalal Takesh no Kanoun e Salah Takesh no dumbek (tabla) era incrível. 

Minha coisa favorita era ver Selwa dançar. Ela dançava com seu cabelo negro, cor de carvão, e belos olhos amendoados, envolta em seu véu como uma flor desabrochar. Ela tinha os mais incríveis 3/4 shimmies, e que não vi iguais até hoje. Os shows eram de quase uma hora, e seguiam o esquema de cinco partes, que foi se tornando padrão: entrada, véu / taqsim, parte do meio com mais exuberância, trabalho de chão (com queda turca), música, solo de derback  e finale.

Uma noite, quando estava no Casbah Cabaret, tinha uma nota de dólar, e planejava dar de gorjeta para Selwa. Para ilustrar a você o quão profundo e perturbador o abismo entre os bailarinos Salimpour e "Os Outros" era:

Enquanto Selwa dançava próxima a mim, estendi a mão com a minha oferta , a dançarina eu admirava tanto, propositadamente girou para longe de mim e não aceitou meu dinheiro.

Era muito comum ter outras dançarinas, que sabiam que você era uma artista, ou estudante, esnobar você nos clubes, e recusarem suas gorjetas." (Sadira)
Esnobar as colegas é feio, estamos de olho!
Na foto:  Zizi Mostafa
Nada a ver com o bafafá acima...

[comentário do editor: Foi a minha percepção que algumas dançarinas, amigas entre si, também recusavam aceitar gorjetas de outras dançarinas que conheciam, a fim de manter o custo de ir para os clubes repetidamente, mais acessível. Algumas dançarinas foram homenageados pela mesma prática, a qual foi considerada uma afronta entre as duas facções.]

FONTE:
** Tradução Livre - Carine Würch **

13 de novembro de 2014

154 - GALYA

154 por Maria Carvalho - SEMANA 24

Sempre que escolhemos alguém para pesquisar e trazer a baila, há uma conversa entre eu e Carine, no melhor estilo "mais não me identifiquei com essa pessoa", "nossa, me senti dançando ali" e por aí vai. 

Quando vi os posts de Galya, que infelizmente não tem muitos registros, paralisei no figurino, aí siiiim - identificação imediata, headpieces - u huuuu!!! 

Vamos falar deles, o acessório que faz nossa cabeça.

E o que é um headpiece? Digo que é a identidade de uma bailarina, hipnotiza o olhar e só depois de uma boa conferida conseguimos concentração pra ver a dança. Eles caminham em vários mundos, vintage, rocker, romântico, não há limites... talvez o céu?! São típicos da Fusão. No ATS ou se usa turbante ou as flores e mais flores (inspiradas no Flamenco).

Theda Bara, uma atriz do cinema mudo americano (1920) também nos serviu de inspiração, não tem jeito, o headpiece veio pra ficar, entrou pela porta da frente e anda ganhando características cada vez mais marcantes, criativas e exuberantes.

Destaco alguns, inspirados no que li de Galya, talvez a mais tribalistas das pupilas de Jamila, sem mencionar Masha, lógico... até eu "tou na onda", fiz esse headpiece para minha primeira aparição Tribal, queria algo com minha energia e personalidade, difícil é encontrar material (afffe e caro, por isso volto naquela tecla, usemos nosso material, artesanato, criatividade - se joga).

Lembrando que nenhum animal foi maltratado para que eu conseguisse as penas do meu cocar-piece (recolho minhas penas na natureza :) , mas tou num projeto de Pavão 2015... vou pedir um de Natal e cuidar com todo carinho e amor.
kkk.

O que faz sua cabeça?
Xeros e vamo que vamo.

12 de novembro de 2014

155 - GALYA

155 por Carine Würch - SEMANA 24


"Jamila considerava Galya Copas sua maior conquista, porque ela era uma dançarina fabulosa, e se davam bem, eram próximas. Até mesmo John Compton diria que ela era uma dançarina fabulosa. 

Quando ela dançava no Bagdad, ela só fazia dois shows, pois essa era toda a energia que ela tinha. Mas era paga da mesma maneira que os dançarinos que faziam três shows por noite."  (Gayle)
FONTE:
** Tradução Livre - Carine Würch **

11 de novembro de 2014

156 - GALYA

156 por Carine Würch - SEMANA 24



"A The Greek Taverna oferecia uma apresentação de dança do ventre como parte tanto do "jantar-show" e depois "cocktail-show". Se a casa estava indo bem bem, um terceiro "cocktail-show" era apresentado. 

As dançarinas do ventre eram geralmente muito bonitas e a gerência da casa preferia que elas usassem figurinos brilhosos e dançassem com saltos altos, embora havia uma variedade de mais tipos de "tribais", como Rhea e Aida al-Adawi, que também dançavam com freqüência. 

Cheguei a ver uma apresentação da incrível Galya, que parecia ter despertado de algum túmulo antigo, para lançar um feitiço sobre todos nós..." (Elaine)




Fonte
** Tradução Livre - Carine Würch **

10 de novembro de 2014

157 - GALYA

157 por Carine Würch - SEMANA 24


"Ocasionalmente, durante a aula, Jamila levava um aluno avançado para demonstrar movimentos. Eu estava hipnotizada pela calma graciosa e exótica da majestosa Galya

Ela foi a primeira bailarina que vi, a qual usava um traje de cabaré, com um toque tribal, um estilo característico do início dos anos 1970, e que os dançarinos de Jamila ajudaram a popularizar. 

Seu headpiece tinha moedinhas penduradas nas laterais e uma série de elos ligando a moedas, que formavam um ornamento, como um casquete - como pequena, reminiscência de fotos antigas de Theda Bara de 1920. Ela estava coberta de jóias antigas, pulseiras de prata.  Assuit era a assinatura de Jamila e de seus dançarinos. Os lenços com fios de liga de prata hexagonaisentrelaçados em padrões geométricos, davam ao tecido um look meio-pesado e um brilho encantador. Era procurado avidamente, e cobiçado pelos alunos de Jamila." (Yasmela)


Fonte:
** Tradução Livre - Carine Würch **

9 de novembro de 2014

158 - GALYA

158 por Carine Würch - SEMANA 23

"No palco principal, a antiga bandeira do Bal Anat está pé. Houve gritos de admiração e espanto que a bandeira ainda estava inteira.

Em uma lâmina pendurada, um filme de Bal Anat apareceu. Parecia que ninguém na platéia havia visto aquele filme. Era colorido e de um filme de 16 mm, mal colocado em vídeo, então rodava um pouco rápido demais. A maior parte do filme foi gasto com o público tentando descobrir: em que ano foi, quem eram as dançarinas, e rir ou expressar frustração com a má qualidade, que é inevitável nesses filmes antigos. Pessoalmente, amo essas coisas, mesmo as partes ruins, e acho que temos a sorte de ter alguma coisa dos tempos antigos, sabíamos o quão importante eles seriam um dia, e quanto gostaríamos de tê-los. O consenso foi que esta apresentação foi 1974 ou mais tarde.

O destaque foi ver Galya dançar o final. O filme estava tão ruim neste ponto que ouvia-se gritos de desgosto da platéia, assim que todos a reconheceram.

Ela é uma das dançarinas favoritas, desde os primeiros anos, e uma das melhores dançarinas de Jamila. Foi uma pena que o filme estava ruim para assistir e muito acelerado, desfavoreceu por completo sua dança. No meio do faccionismo dentro da dança, como de costume, estou constantemente espantada, pois parece ser haver um comum acordo, até mesmo uma reverência, sobre Galya. Me pergunto se é porque ela já não dança e não ensina, e não é mais uma ameaça para ninguém, mas isso é apenas a minha especulação. No final do filme, enquanto Galya saltava, quicava (na imagem do filme), o novo Bal Anat entrou por entre as cortinas, com a fanfarra liderada por Ernie Fischbach no zurna e muito outros... e quero dizer: uma tropa!

Durante a tradicional procissão até o palco, estávamos todos em pé, zagareeting e batendo palmas e gritando. Foi um momento muito emocionante.

Fiquei impressionada com o quanto desejamos o passado, e nos deleitamos com a chance de revivê-lo "só mais uma vez." (Shelley/Yasmela)

Fonte:
** Tradução Livre - Carine Würch **

Jamila Salimpour and Bal Anat circa 1970:

Top row: 1-? (NOT Aziza!), 2-?, 3-kneeling? , 4– Masha Archer in braids, 5- Anne Lippe with drum & turban, 6- Rhea with sword leaning forward, 7- Jo Hamilton with sword, 8-?, 9-?

Na frente de joelhos: 1- Galya, 2- Lisa with the snake, 3- Reyna, 4- Darius or Darioush, the kanoon player., 5-?, 6- Hilary with a snake, 7- Jamila Salimpour