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3 de abril de 2015

PILARES ENTREVISTA - SISTERS STUDIO - PARTE III

11 por Maria Badulaques -  SEMANA 44

Para quem está nos acompanhando e vai fazer o Sister Studio nosso super mega BOA SORTE, opa sorte? 

Isso não tem nada de nada de SORTE, então reformulando nosso super mega BOM ESTUDO. Se você está estudando, esteve dedicada ao ATS tudo vai dar certo, depois nos conte essa experiência. 

Continue acompanhando esse papo especial que muito irá ajudar em seu processo de amadurecimento, sendo ou não aspirante a Sister Studio.

Quem leu a entrevista Parte II deve ter visto o lance da essência, fico muito encanada com isso. Acredito que a dança deve ser um canal de expressão, afinal é arte em movimento, mas será que por isso devemos fazer de qualquer forma e nos esconder atrás da essência ou devemos ter respeito ao legado que representamos e nos esforçar para sermos merecedoras de fazer parte desta história? No meu ponto de vista tá muito claro, tu quer ser dançarina ou alquimista?! 

Seguindooo, hoje falaremos sobre dialetos, músicas nativas, dress code, o que essas profissionais incríveis falam para seus alunos no primeiríssimo contato com o ATS, os fundamentos essenciais para sua formação,... puxa vida está puro deleite, vamos lá.


Pilares -  O uso de músicas nativas no ATS é algo que lhe interessa? Ritmos diferentes.
"Acho interessante e às vezes uso, mas prefiro o repertório tradicional do ATS." (Aline)

"Sim, aliás acho que todos nós ficamos “caçando” mais músicas diferentes e étnicas legais para dançar e dar aulas, o tempo todo rsrs. Tudo nelas é interessante o andamento, os instrumentos..." (Lilian)

"Acho bacana, mas ainda não fui atrás o suficiente para achar alguma coisa que se encaixe perfeitamente com o ATS sem descaracterizá-lo. Acho importante o uso das músicas já consagradas no ATS, precisa disso para continuar sendo um formato. Mas variar às vezes pode trazer resultados bem interessantes!" (Mariana)

"Nativas, você diz do Brasil? Me interessa muito explorar as possibilidades musicais no ATS. Gosto de fazer isso, na verdade eu sempre faço. Acho chato quando os grupos dançam sempre as mesmas músicas. Mas tento tomar cuidado para não escolher uma música que não tenha nenhuma relação com a estética do ATS, tipo alguma coisa do Reginaldo Rossi ou do Racionais MCs. :p " (Natália)

Comentário: Cooooomo assim, Reiiiiiii-ginaldo era o rei, Natáliiiiiia! kkkk

Pilares -  Incrementar o Dress Code com artesanato local ou seguir o padrão americano, o que você diria sobre isso?
"Pode sim, aliás, acho que fica ainda mais lindo quando colocamos algum acessório tradicional brasileiro no meio dos kuchis, assuits e tecidos indianos. Mas gosto de meio a meio, não tão lá nem tão cá." (Aline)

"O próprio dress code do ATS vem de várias inspirações e lugares diferentes, então eu acho super válido incrementar, modificar uma coisinha ou outra desde que a proposta da Masha Archer não seja perdida, pois quando ela começou a montar o dress code do ATS, uma das funções era mostrar a arte e não somente o corpo, por isso da calça, do turbante bem presente no início, do choli embaixo do top. Sei que nosso EU interior adora se montar e se sentir bela e não vejo problema nenhum nisso, desde que não seja a mensagem principal." (Lilian)

"Incrementar acho válido! Não saindo do dress code, é uma questão de gosto mesmo, do estilo de cada trupe. E também temos o problema do acesso à joalharia tribal tradicional aqui no Brasil. Muitas vezes somos "obrigadas" a incrementar com outras coisas porque é muito difícil para nós colocarmos as mãos nos acessórios tradicionalmente usados."  (Mariana

"O Dress Code é calça pantalona (gênio), saia, choli, cabeça enfeitada e jóias. Não vejo nenhum problema em incrementar o Dress Code com adornos tipicamente brasileiros, na verdade eu adoro a ideia. Me lembro de ter perguntado sobre isso para a Carolena e ela disse que já havia sido perguntado em um curso anterior, e ela havia respondido que não há problema." (Natália)

Comentário: Opa, alguém falou em Badulaques, aí? A primeira vez que vi uma tribalista entrei em surtooo, porque era exatamente a figura poderosa e empiriquitada (quem mora no nordeste ou já foi lá vai entender o significado kkk) que me habitava em silêncio (nem tão silente). Daí, estudando, observando...me deparo com quem? Masha, a rainda dos badulaques...e tudo fez muiiito sentido. Senti: tou em casa, mas e arrumar esses badulaques, vixiiii!!! Então sem mexer na estrutura, afinal de contas temos que ter respeito pelo conceito criado e pensado, sempre tive como ideal agregar nosso artesanato, crochê, madeira, búzios a essa riqueza de visual e muiiita chiiiita. Já pensou?! Eu já....já fiz isso e amei o resultado.

Pilares - Há dialetos sendo criados em seu grupo? Fale um pouco sobre isso.
"Gostamos de criar nossos combos e sequências, mas não criamos ainda nenhum movimento específico. É  interessante essa possibilidade de contribuir com o estilo, mas não me sinto inspirada  a tentar adicionar algo ainda." (Aline)

"O Nomadic Tribal mantém um ATS bem tradicional, no começo gostávamos muito de criar, inventar possibilidades, variações de passos e tudo, mas depois do curso chegamos a conclusão de que o argumento da Carolena faz bastante sentido. Quando você desperdiça sua energia criando um monte de coisas novas você não aprimora o que já existe e consequentemente não se diverte tanto dançando. Temos 2 combos com toque de snujs diferenciados que usamos apenas no Nomadic e sabemos o toque tradicional , dessa forma dançamos normalmente com outras pessoas de qualquer lugar." (Lilian)

"Movimentações específicas, sinais? Se for isso, ainda não exploramos todos os passos já existentes o suficiente, não sinto essa necessidade de inovar em termos de movimento no ATS. Alimento meus desejos de criação no Tribal Fusion." (Mariana)

"Não tenho mais grupo, mas acredito que para criar passos é preciso conhecer muito bem o básico. Na minha opinião isso é algo que acontece naturalmente. Eu não teria isso como objetivo caso fosse diretora de um grupo." (Natália)

Pilares  - Quando alguém lhe acessa para estudo do ATS qual a primeira informação que vc planta na cabeça do iniciante?
"Esse é um formato de dança que vai te ensinar muito sobre você.” (Aline)

"O ATS é um estudo lento, cheio de detalhes, não se sai da primeira aula tocando snuj, tem que ter perseverança. Eu sempre procuro explicar os benefícios que ele proporciona na vida e na nossa rede social além do prazer em dançar." (Lilian)

"Que não é fácil, que é desafiador pra caramba, mas igualmente divertido e vale muito a pena!" (Mariana)

"Que bonitinho! Informação que você "planta"! :)  Bem, a primeira coisa que eu gosto de conversar com o iniciante é sobre os conceitos do ATS e o respeito. Para mim, mais importante do que a técnica perfeita é a compreensão dos conceitos do ATS. Sobre dançar em tribo, sobre respeitar quem dança com você, sobre respeitar a si mesmo, sobre saber liderar e saber seguir. Sobre a beleza e o prazer de dançar em grupo. Isso é o mais importante; compreendendo isso, com perseverança e muito treino a técnica vem." (Natália)
                              
Pilares - Para quem estuda ATS, o que você julga ser fundamental na formação?
"Comprometimento. Sem ele é como entrar na chuva e não querer se molhar. Se você está dançando ou estudando só “quando dá” e quer ser levado a sério, acho bom rever suas prioridades." (Aline)

"Estudo, humildade e disciplina, além de entender bem a proposta do estilo." (Lilian)

"Estudar muito, o máximo possível, e continuar estudando depois da formação. O estudo não termina com o certificado. E com estudo me refiro tanto a estudo teórico, de história, quanto ao treino, desenvolver a memória muscular necessária, dominar a dinâmica da improvisação, dos snujs, de tudo!" (Mariana)

"Humildade e estudo. Humildade pra saber que você precisa estudar sempre, que você nunca está totalmente pronto. Estudo porque você precisa conhecer bem o que está ensinando." (Natália)

Pilares -  O que você pensa que mudará em nosso cenário após a vinda de Carolena e Megha?
"Espero que isso ajude a colocar nossa comunidade brasileira de ATS no cenário mundial do American Tribal Style e que mais profissionais qualificados e conscientes possam ser formados nessa jornada." (Aline)

"Espero que a nossa arte se propague muito e com consciência!" (Lilian)

"Maior oferta de profissionais, aulas e a formação de mais grupos de ATS." (Mariana)

"Sinceramente, não sei. Eu realmente espero que as pessoas sintam a força desse estilo de dança e se apaixonem por ele. Sem dúvida muitas pessoas no Brasil conhecerão o ATS depois da vinda de Carolena e Megha. Espero de coração que seja algo positivo." (Natália)

Olha, quando convidei essas mulheres incríveis para essa entrevista não imaginei que as respostas me tocariam tanto. Fez sentido pra você também? Então amanhã tem mais.

Super xeros e vamo que vamo!

20 de fevereiro de 2015

53 - MASHA ARCHER

53 por Natália Espinosa - SEMANA 38

Apropriação Cultural? Masha Archer e o figurino.

O dress code do ATS como conhecemos hoje tem enorme influência da estética proposta por Masha. Foi ela a pessoa a instituir o uso do turbante, do choli (o “top” de modelo indiano) e a calça gênio ou pantalona como figurino. 

Antes dela, era comum o uso das roupas sensuais e reveladoras do estilo Cabaret Bellydance ou, no caso de Jamila Salimpour e seus alunos, indumentária tradicional de certas regiões, como o assuit, ou figurinos utilizados em danças folclóricas do Oriente Médio e norte da África.

O figurino proposto por Masha gerou alguns questionamentos sobre apropriação cultural ou uso indevido das peças nessa nova dança do ventre desenvolvida no Ocidente: o turbante não é tradicionalmente utilizado por mulheres, sendo uma indicação de casta entre os homens; os cholis são da cultura indiana etc.

Masha respondeu a esses questionamentos com muita ousadia: sim, ela estava utilizando essas roupas de uma forma totalmente nova e, de certa forma, tomando para si esses elementos de outras culturas. 

Os cabelos dentro de um régio turbante, o colo menos exposto pela utilização de um choli e as pernas cobertas por calças pantalonas realçavam o que realmente deveria ser visto nessa forma de dança: a movimentação de quadril e ventre, ao invés de expor atributos físicos da bailarina que poderiam ser erotizantes ou causar distração do real propósito da arte. Os cabelos presos também ajudavam as dançarinas a enxergar melhor a movimentação de suas companheiras para segui-las.


Ainda, na visão de Masha, ela estava tirando essa dança das mãos de povos que não valorizavam as mulheres e sua dança (os povos Orientais) e empoderando mulheres que se apropriavam da dança no Ocidente.
Ingrid Harper y Masha Archer

10 de fevereiro de 2015

63 - FORMANDO O DRESS CODE

63 - por Maria Carvalho - SEMANA 37

Formando o Dress Code.

Ontem falamos dos acessórios que são a marca registrada de Masha, os tais badulaques que amamos.

Hoje, procurando fotos antigas, do início da carreira tribal de nossa pilar, vi no Gilded Serpent imagens belíssimas da troupe, nos idos de 1970 e bolinha. 

Algo que me chama atenção é o uso do choli, as calças pantalonadas, lenços cobrindo os cabelos, ainda não são aqueles turbantes mega das FatChance, mas digamos que dali deve ter saído a inspiração.

O material sobre a trajetória de Masha é bem rareado, há mais imagens do que informações sobre a didática, uma pena. 
Por isso, julgo nosso trabalho tão importante, afinal uma dançarina que não conhece a história de sua dança, por melhor que seja sua técnica será sempre uma meia-dançarina. 

Este estilo de vestimentas é o que primeiro impacta o espectador, afinal é um soco na forma convencional do bellydance e certamente teve inspiração na visão que Masha tinha (tem, acredito que isso não mudou) sobre a postura feminina na sociedade. 

Sua trupe não se apresentava em meio a jantares, era uma arte e não entretenimento, Miss Archer entendia que essa dança milenar demandava mais respeito não só pela arte, mas pelas dançarinas (algo que Jamila, outra mulher impactante já disseminava). 

Muito provavelmente o dress code foi pensado para que a dança saltasse a frente de corpos esculturais, não que isso seja um problema, seu corpo - seu templo, mas enquanto dançarina este não deve ser o foco primordial. 

Minha sensação quando me monto é de que aquilo é minha realidade e não o traje forense, é como o super-homem, quando abandona o Clark... na verdade me fantasio de advogada, aguardando com ansiedade a hora de usar minha real vestimenta, minha segunda pele.

A sensação é esta! 

Isto sou eu... este é o efeito desta dança esplêndida no sangue.

Xeros e vamo que vamo.