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3 de julho de 2015

ALUNAS DE JAMILA - KATARINA BURDA

Texto escrito por umas ex-aluna de Katarina Burda, Kristen, no Tribe.Net:
http://bellydancelegacy.tribe.net/m/thread/a07b2b1d-55f2-482f-b5c1-438c43493d3e

Eu estava na trupe de Katarina Burda - Aywah! 1997-2000 (?). 


Aywah! era muito incomum, pois trazia uma variedade de folclore do Oriente Médio e de danças ciganas... também havia canto e, por vezes, o acompanhamento instrumental. 

Todos nós aprendemos a cantar, bem como a dançar, isso realmente melhorou meu conhecimento musical, musicalidade e ritmo. 

O que admiro sobre (Katarina Burda) é que ela sabia tantos estilos de dança diferentes, e conhecia a história real sobre todos eles. 

Ela mostrava um vídeo de shikat ou da parte norte do Egito, para que pudéssemos aprender o estilo e movimentos da dança. 

Ficou famosa por transformar suas alunas em alguns dos melhores dançarinos na área da Baía de São Francisco, incluindo Mira Betz, Kim Fournier, Elizabeth Strong, Hanna, Donna, e vários membros do Ballet Afsaneh

Ela era uma dançarina da trupe de Jamila, o Bal Anat. E é famosa por fazer a dança da máscara (inclusive por dançar com a barriga a mostra, durante a gravidez). 

Na verdade, ela é uma das poucas dançarinas creditados pelo nome no site da Jamila

Logo antes de deixar a trupe, ela disse que não iria dançar mais e, ao invés, iria fazer música e algumas peças de transe. Eu acho que é triste, porque ela era uma dançarina maravilhosa para assistir, mesmo que apenas em sala de aula. Estou ansioso para vê-la Guedra no show! (Kristen)

** Tradução Livre por Carine Würch **

26 de junho de 2015

CRIAÇÃO DO BAL ANAT


Texto postado no Tribe Net, por Andre Khoury, pai de Isabella Salimpour (neta de Jamila Salimpour)

A criação do grupo de dança Bal Anat começou em 1968, quando a oportunidade se apresentar em um festival ao ar livre chamado Renaisance Pleasure Faire, desafiou minha imaginação para criar um show de variedades, que se pode ser visto em um festival árabe Souk ou no Oriente Médio

Era o formato que era admirado e imitado em todo o Estados Unidos, cujos praticantes às vezes sabiam, mas muitas vezes não sabiam qual sua origem. 

De fato, muitas pessoas pensaram que era a "coisa real", quando na verdade metade era real, metade era invenção. 

Pegando como inspiração meu passado, que incluia as danças com bailarinos que dançavam em taças, dançarinos com jarros e mágicos, treinei e apresentei muitas variedades de entretenimento, adicionando uma "surpresa" a cada ano. 

Entre muitas outras coisas, até que em 1971, pus uma espada sobre a cabeça de Rhea Deanna Rose, a dança da espada nunca havia sido vista na América.
Era para ser o primeiro, como aconteceu com muitas das danças do Bal Anat, que foram copiadas e exportadas para lugares desconhecidos. 

A dança com espada, Dança com Jarros, Karshlama, Dança Marroquina, Ouled Nail, da Tunísia, Dança com Cobra, Dança Masculina com Bandeja, Dervish, Katak e a Dança com Máscara interpretada por Katrina Burda, eram originais naquele tempo. 
Nunca vistos antes de 1968 na Northern Renaisance Pleasure Faire, são memorias que as pessoas trazem vivas até os dias de hoje. 

Como o formato evoluiu, muitos dos meus alunos contribuíram com seus talentos coreográficos para a variedade do show, muitas vezes sugerindo adições, complementando a gama de Dança do Oriente Médio." (Jamila Salimpour 2001)

20 de junho de 2015

HISTÓRIA DA DANÇA DO VENTRE NOS EUA II (Jamila Salimpour)

Texto postado no Tribe Net, por Andre Khoury, pai de Isabella Salimpour (neta de Jamila Salimpour)

Quando chegou o dia para ver a famosa "Rosemarie", gravadores pesando uma tonelada, foram levados para o teatro. Naqueles dias, eram poucos os que poderiam se dar ao luxo de possuir um. Pegamos assentos no centro, de frente, bons lugares para um auditório, onde se sentam cerca de três mil. 

Fomos cedo e as luzes ainda estavam acessas, assim olhamos em volta para ver quem estava sentado onde, antes do show começar. Era quase a hora de começar e, exceto pelo nosso grupo, havia cerca de vinte pessoas no balcão do teatro. Lá embaixo, havia um punhado de pessoas, e havia chegado do show começar. Esperamos, esperamos e esperamos, percebendo que algo estava acontecendo, e que talvez poucas pessoas compareceriam. Quando se tornou evidente que não haveriam mais pessoas, os que estavam no balcão concordaram em ficar no andar de baixo, mais perto da música. 

Não me lembro muito sobre a dança de Rosemarie. Eu tinha mais ou menos 24 anos. Ela foi a primeira dançarina que vi em pessoa. Ela não tocava snujs. Tio Vahan disse que ela estava chateada quando ele gravou seu show, sem um acordo de antemão, e que precisaram negociar para que ele pudesse manter a fita. Zetrac a convidou para sua casa para uma noite musical, e fui apresentada a ela como uma aspirante a dançarina oriental

A seu pedido, dancei para ela. Ela foi gentil em suas críticas sobre a minha "coreografia" e fez sugestões sobre meus braços, atitude e etapas. A única coisa que ela me mostrou, e que eu não poderia fazer, era uma figura de um oito indo devagar até até o chão e todo o caminho para cima novamente. Perdemos seu paradeiro, exceto por um breve visão dela em um clube recém-inaugurado na Sunset Boulevard, chamado de "Mil e Uma Noites", onde ouvimos que ela estava trabalhando. Eu nunca a vi dançar novamente.

Houve outros programas Orientais de tempo em tempo. Um dos mais memoráveis foi de Shah Baroviano, um músico de tar, armênio persa, que se apresentou no Wilshire Ebell. Ainda posso ouvir sua bela versão de "Naz Bar". Parecia que todo o público cantava junto. Foi por volta de 1950 ou algo assim. De FresnoRichard Hagopian, um jovem virtuoso no Oud, estava sendo comparado ao grande Oudi Harant. Passariam mais alguns anos até que eu dançasse com sua música em uma boate em Fresno.

Town and Country Market em La Cienega abaixo Melrose, tinha um restaurante Oriente Médio que tinha música e dança popular nos fins de semana, mas não havia dançarinas do ventre. Nós fomos lá algumas vezes, e nos juntávamos ao dabke, entre as mesas. 

Haviam programas em que uma mulher chamada Khanza Omar, que fazia proezas, que precisávamos ver para crer. Dizia-se que além de ser uma grande dançarina, ela poderia fazer backbends maravilhosos e levantar cadeiras com seus dentes, levantando e continuando a dançar ao mesmo tempo, mantendo a cadeira entre os dentes. 

Vídeo de Princess Raja, cerca de 1904, mostrando a dança onde as dançarinas seguravam a cadeira com a boca.


Nos anos mais tarde, vi um documentário sobre bailarinos do Egito, que tinha uma sequência feita em uma tenda, do fora das pirâmides chamado The Balloon Café, ou algo parecido. Uma das dançarinas, vestida com Assuit da cabeça aos pés, e tocando enormes snujs, desceu até o chão em duplos shimmies, inclinou-se, ainda mantendo o tempo da música com seus snujs, e pegou uma mesa com os dentes, equilibrando-a alto no ar, enquanto dançava. Eu fui a uma apresentação da amada Khanza Omar. Para surpresa de todos, ela morreu no fim de semana antes de a comunidade árabe apresenta-la em um show chamado "ExtravaKhanza". Diziam que ela era uma princesa marroquina. Ocasionalmente, ela trabalhava como figurante em filmes. Outra dançarina Orientale chamado Delalah Mur, residia em algum lugar em Los Angeles, ensinava e tinha uma trupe. Nunca vi o ela dançando.

Tinha por volta de vinte e seis anos, quando eu decidi aprender a tocar Oud. Encontrar um professor, era história aparte, e novamente tenho que agradecer Anoosh, por encontrar o Sr. Levonian, que estava disposto a me ensinar a tocar Oud. Eu queria muito aprender estilo egípcio, mas Levonian tocava o estilo turco. Mas era ele ou nada. Lembro-me dele reclamando sobre uma dançarina chamada Karoon Tootikian, que queria que ele compusesse uma música para ela. Incomodava-lhe que ela queria que ele colocasse a harmonia em sua composição, e ele diria que a nossa música é inocente, que ela deve deixá-la em paz! 

Do que eu consegui reunir sobre sua dança, ela era uma dançarina folclórica armênia interpretativa. Ouvi que sua especialidade era um dervish rodopiante , o que era fácil para ela dançar, pois tinha uma doença ocular, que tirou sua visão. Uma vez, que ela calculou mal as dimensões do palco no Wilshire Ebell e, durante a apresentação de seu dervish, ela caiu no fosso da orquestra.

De Boston, vieram histórias de dois clubes, onde o negócio foi crescendo: Khayyam Club Zarra, que tinha apresentações de música e dança do Oriente Médio.

Histórias da briga em curso entre a cantora libanesa Morrocos e a impetuosa dançarina argelina Bedeah eram relatados semanalmente pela imprensa, que estavam sempre incitando, na esperança de criar uma briga. 

Greek Village abriu em Hollywood Boulevard. Eles contrataram meus músicos, mas não queriam uma dançarina do ventre. Os proprietários eram da Costa Leste. A esposa do proprietário cantava e dançava um Cifte Telli em roupas de normais (não figurino). Tinham uma filha que se parecia com Sophia Loren. Ela usava blusas de corte baixo e acompanhava os músicos com um tambor de conga. Não importava se ela sabia tocar ou não. A visão dela, valia o preço da entrada.

Tradução livre por Carine Würch

19 de junho de 2015

HISTÓRIA DA DANÇA DO VENTRE NOS EUA I (Jamila Salimpour)

Texto postado no Tribe Net, por Andre Khoury, pai de Isabella Salimpour (neta de Jamila Salimpour)

Para falar sobre o movimento de dança do ventre em São Francisco, tenho que descrever a cena que estava acontecendo nos Estados Unidos e em Los Angeles, que, creio eu, precedeu os clubes profissionais e shows de cabaré que, eventualmente, tiveram lugar em São Francisco.

A partir do final dos anos 1940, até o final dos anos 1950, a música do Oriente Médio e sua dança eram praticamente desconhecidos para os norte-americanos. No entanto, ela floresceu em pequenos bolsões onde os imigrantes representantes de diferentes países do mundo árabe, que se reúnem para celebrar os costumes sociais ou religiosas. Suas nacionalidades eram um elo comum, e, sempre que se encontravam, música e dança eram incluídos em suas festividades.

O que os EUA sabia sobre música do Oriente Médio e sua dança era através das produções musicais distorcidas de HollywoodYvonne De Carlo e Rita Hayworth foram destaque em vários blockbusters bíblicos, coreografados por dançarinos de Hollywood do jazz moderno, que interpretaram dança do Oriente Médio em espasmos convulsivos que eram doloroso de assistir. Depois de ver Rita Hayworth em Salomé, eu pensei: "Seria o único que sabia de filmes egípcios estavam sendo mostrado mensalmente em Los Angeles? Ou será que ninguém estava interessado em autenticidade?"

No final dos anos 1940, minha família egípcia conseguiu sobreviver nos EUA, mas eles não se misturam com os americanos. Eles trabalharam entre os americanos e quando chegavam em casa, sua língua prncipal era armênio, (eram armênios do Egito), a segunda era turco, (quando eles não queriam que seus filhos soubessem o que eles estavam dizendo) e a terceira o árabe, quando falavam com amigos do Egito. A casa estava cheia de música árabe: Mohammed Abdel WahabOm Kalthoum e similares foram tocadas repetidamente em nos idos de 78.

Uma vez por mês, assistíamos os filmes egípcios em La Tosca Theater. Discos das músicas dos filmes eram vendidos no lobby. Quando chegávamos em casa , colocávamos os discos e tentávamos imitar os dançarinos que tínhamos visto nos filmes. Aprendi sozinha a tocar snujs. Minha senhoria Anoosh, fez um traje e eu estava pronta para dançar sempre que a ocasião aparecia. Eu tinha cerca de 21 anos de idade na época.

No final da década de 1940, antes que houvesse clubes do Oriente Médio em Los Angeles, eu fiz algumas apresentações, nos poucos locais que apresentavam Orientale Danse, como era então chamado pelos nativos. Uma vez por ano eu dançava na festa de Ano Novo Turco, mensalmente dançava no Armenian Old Age Home, para o AGBU, Armenian Great Benevolent Group, e em festas particulares e similares. Não haviam músicos profissionais de verdade na cidade. Grupos se reuniram porque a música era o seu passatempo e não sua profissão. E eram estes meus músicos  que consistiam a Hanna Brothers Orchestra, mecânicos de dia, e os músicos por escolha, sempre que uma ocasião os chamava para tocarem. Se eles precisavam de um músico extra no Oud, Kanoon ou Derbake, eles sabiam que algum amador gostaria de participar. Eles não eram Abdel Wahab, mas eles tinham alma.

Por volta de 1947 e pelos os próximos dez anos, qualquer notícia sobre música e dança do Oriente Médio vinha do Oriente Médio. Todos os domingos, uma estação de rádio de Fresno, transmitia um programa de notícias e música que abriu com músicas familiares que todos nós cantarolávamos. 

Harout's Har Omar, um restaurante armênio na Rua Ivar e Sunset Boulevard, contava com os irmãos Hurach e Florence Yacoubian no violino e piano. 

Uma vez por semana em KFAC, Mr. Yegeshay Harout apresentaria uma hora e meia de música da Armênia e do Oriente Médio, que incluíam tanto música popular e clássica. O locutor era conhecido por sua voz dramática e o programa começaria com: "Debaixo de um arbusto, um pão e uma garrafa de vinho e os meus poemas: tudo o que preciso. E tu, que ao meu lado cantas no deserto, e o deserto se torna, então, no paraíso." Outras citações de Omar Khayyam embelezavam o programa que cada armênio ouviria, estando dentro do raio do transmissor de KFAC. 

Zetrac, que possuía o Café Turco na 6th Street iria entrar em sintonia com Harout, assim como Zabelle, que costurava para celebridades na comunidade armênia e assim como Annoush e sua família, inclusive eu. E assim foi com meses de antecedência de sua chegada nos Estados Unidos que a comunidade Oriente Médio era ouvir do futuro aparecimento de "Rosemarie", dançarina oriental, cantora em seis línguas, vinda do Egito, acompanhada pela conhecida orquestra Hanna Brothersat, no Wilshire Ebell Theatre

Finalmente, fomos vê-la ao vivo, dançando ao som de música ao vivo. Compramos nossos bilhetes com suficiente antecedência, para que não houvesse dúvida que nossos lugares foram reservados.

CONTINUA...

Tradução livre por Carine Würch