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7 de junho de 2015

Sobre o Estilo Tribal por Mark Bell (em inglês)

http://tribalbellydance.tribe.net/thread/1cbe3afe-39b8-4cc1-a3e9-052812d6571b

Just so you know, I played with the original Bal Anat from 1972-74, was the troupe's main drummer and taught darbukka to many of the dancers as an adjunct to the Saturday(?) classes held by Jamila. The concept of tribal was absolutely unknown. All the dances performed were all totally choreographed. There were no cues, signals, leader changes, etc. Nothing ever taught in any of the classes ever broached these concepts.

Dance moves are dance moves, some translate to tribal, some don't. Wearing "traditional" costumes does not make you tribal. Hahbi Ru had nothing to do with tribal, either. Everything was totally choreographed as well. I should know, having played for them for about 16 years.

You will find many sources of ideas and inspirations that influenced FCBD, but if you want to go directly to the bottom line, here it is: Carolena started Tribal.

Rachel may be surprised by that, too. I don't know. I do know that she studied with many teachers, among them Carolena. Zoe I've known for years and she was dancing with pops and locks before she took from Suheila if I've got my timeline recollection correct. 

If the thread is going to go into who begat who, I don't believe Jamila ever went to the Middle East. Therefore, one would need to include the influences of the dancers who passed through the Bay Area during her performing career. Jamila didn't come out of a vacuum, there were many excellent dancers and she learned from them. 

And, while it is interesting and valid to trace this all back, the number of permutations that have come out of ATS is pretty phenominal... and like all things, some good, some not so good. A lot of what's happening today will have a greater influence on Tribal style tomorrow than getting caught up in what occurred 30-50 years ago when the concept of Tribal didn't exist.

13 de março de 2015

32 - CAROLENA NERICCIO

32 por Carine Würch - SEMANA 41

Continuando naquela entrevista de 2012, perguntada como funcionava a questão da improvisação na grupo de Masha Archer, Carolena afirma que era apenas improviso mesmo. Não havia nenhuma senha definida (como há no ATS hoje), e por definição de Masha, a dançarina mais antiga deveria liderar o grupo e ditar quais passos deveriam ser feitos.

Carolena comenta que como era a mais baixa de todo grupo, apesar de não ser a mais antiga, ela sempre ficava na frente, então não tinha muita ideia do que ocorria na parte de trás e de como exatamente o improviso era feito, pois a lider do grupo estava atrás dela (rs).

Desta maneira, quando idealizou suas aulas, sempre quis manter o improviso e não a coreografia pré-estabelecida, mas ela queria definir senhas para que todas entendessem e estabelecer que a pessoa da frente ficasse na liderança.

Perguntada, afirma que há homens que dançam ATS, mas não no estúdio do FatChance BellyDance.

Ela também respondeu uma pergunta sobre os turbantes, e disse que no início, quando ela imaginou a dança era muito limpa, e sem grandes malabarismos (palavras minhas), e com o tempo as pessoas foram dando sugestões e e foi ficando mais difícil de ser executada com um grande e alto turbante, por causa dos laybacks e todos os passos e giros muito mais rápidos que antes. É bem mais fácil dançar esta nova linguagem com menos peso e volume na cabeça. 

Carolena também comenta da questão de volume de acessórios que são necessários na viagens e apresentações, e manter um figurino mais simples facilita bastante, mas que ela adora o visual carregado. 

- E qual a reação das pessoas do Oriente Médio quando eles vêem esta dança? Na maioria das vezes, a reação é muito favorável, pois carregamos este visual folclórico, e as pessoas dizem que lembra muito as roupas, acessórios usados nas suas aldeias, parece um "old world folkloric look" e gera uma certa nostalgia.

Minha experiência é que as pessoas do Oriente Médio ficam felizes de nos ver apreciando a dança. os que não são envolvidos com dança dizem: "Puxa, nossa música está tocando, pessoas estão dançando, nossa cultura está sendo apoiada, e fico feliz com isto!". Já as bellydancers não curtem muito. Provavelmente agora já é mais aceitável, que o Tribal cresceu muito, inclusive se você pensa em fazer dinheiro, você vai incluir o Tribal no que você está fazendo, mas no começo, as bellydancers tradicionais não gostavam nem um pouco, e nem aceitavam esta dança como bellydance, em comparação aos muitos estilos que existem. Mas no geral, as pessoas do oriente Médio costumam gostar muito das apresentações e acredito que as dançarinas estão aos poucos se acostumando com isto também.

3 de março de 2015

PILARES ENTREVISTA - PAOLA BLANTON - PARTE 1

42 por Maria Badulaques - SEMANA 40

Tribalistas, a Paola nos concedeu uma entrevista super importante para nossa reflexão enquanto dançarinas. Falamos de Jamila, das influências e atmosfera de São Francisco e quanto isso impactou Carolena. Na importância de pensar fora da caixa, opa essa parte amei... você vai entender, acompanhe.

Um xero forte no suvaco, espero que curtam...estou com a cabeça fervendo!

"Eu conheci a Jamila em 2003 quando fui para São Francisco para participar em uma intensivão com a Suhaila

Ela deu uma palestra sobre sua história na dança do ventre nos EUA, sua época de “Bal Anat”, e como ela passou o império dela para sua filha Suhaila. Ela mostrou slides e imagens e conversou com a turma por uma tarde inteira, passando muito conteúdo e historia para nós. 

As Salimpours são grande fonte de conhecimento sobre a Dança Oriental, e são grande referencia para qualquer bailarina querendo aprofundar seu conhecimento e entendimento dessas danças. 

Elas, junto com Ibrahim “Bobby” Farrah e a grande “Morocco” em Nova Iorque, foram realmente as indiscutíveis raízes de Dança do Ventre nos Estados UnidosVale a pena adquirir os vídeos de Bobby, o livro de Morocco, e o formato das Salimpours.  

O formato Salimpour tem o gênio de ser a primeira codificação de todo vocabulário da Dança do Ventre.  

E justamente como a Jamila teve um pensamento sistemático com o ensino da dança, ela também começou a sistematizar e simplificar o processo de improviso em grupo para o “Bal Anat”.  

A partir disso fluiu o treinamento e vocabulário que, com tempo, viraram outros estilos como “Tribal”. 

Uma aluna de Jamila, “Masha” formou uma companhia em cima deste método de improviso em grupo, e a Carolena Nericcio foi aluna dela.  

Foi a Carolena que estabeleceu a linguagem Tribal e a marca “ATS”. Eu acho que o nome “Tribal” só emergiu depois da sistematização da dança por Carolena Nericcio nos anos 80.  

Temos que lembrar que o estilo Tribal é um estilo Americano (American Tribal Style – ATS) e nasceu na Califórnia, o berço de cultura alternativa dos Estados Unidos, e francamente, para o mundo inteiro. 

E um berço de criatividade, expressão, e liberalismo – uma terra fértil em todos os sentidos – de natureza e também do espírito livre.  

A Isadora Duncan era de São Francisco. 

Os hippies começaram em São Francisco, junto com toda revolução psicodélica.

Os ‘Modern Primitives’ ou ‘primitvos modernos’ também emergiram lá nos anos 70-80 com toda historia de tatuagens, piercings, e os vários modificações corporais.  

Califórnia é sinônimo com Hollywood e show business: Rap, Hip-Hop, MTV... todas essas influências culturais e subculturais estão no contexto da dança, e informam seu momento histórico - então foram referenciadas, absorvidas e traduzidas no Estilo Tribal.  

A própria Carolena Nericcio referencia o movimento “Modern Primitives” para o look de seu estilo.  

Mas, afinal das contas, elas precisavam ter um nome que refletia o que elas realmente estavam dançando, e o nome “Tribal” emergiu para diferenciar elas de estilos tradicionais de Dança do Ventre.  

"Temos que lembrar que o termo “Tribal” não significa uma dança de uma certa tribo, e sim de dançar improvisando em grupo com estilizações modernas de passos tradicionais de Egito, Algeria, Tunísia, Índia, e outras." (Paola)

Agora senta, respira e absorve:

"Eu viajo muito pelo mundo e cada ano faço turnês internacionais ensinando e dançando nos grandes festivais.  Tenho sorte de prestigiar uma grande variedade de danças e estilos e vejo as variações de Tribal para toda parte.

Tem o “Steampunk”, “East Coast”, “West Coast” “Circus”, “Burlesque”, “Gothic”, “Dark”,“Goddess”, e outros estilos e aplicações do estilo TribalATS continua muito presente no mundo, vejo ele sempre.  

Como você podia imaginar, a gente eventualmente começa a ver a mesma coisa sempre se repetindo – isso é fato, e tem a ver com todos os estilos.   

Já vi muito ATS e eu gosto dele feito nos espaços públicos.  Quando participei no “New York City Dance Parade” com a PURE de Kaeshi Chai, a “Manhattan Tribal” dançou em nossa frente.  A escola é de Mimi Fontana, e faz puro ATS com toda cor nos figurinos, snujs, e tal.  

Eu gostei muito das formações e comunicação não-verbal das dançarinas, por que num grande desfile tem que se deslocar, parar, e se orientar a um público de dois ou três lados.  Elas tinham repertório simples mais muito limpo e bem-executado, com todos os giros, paradinhas, pares e triplos se orientando ao publico dos lados, se juntando de novo no meio, e circulando.  

Foi super legal para um espetáculo grande como este desfile em que dançávamos para mais que quatro horas nas ruas de NYC.  

Na PURE, trabalhávamos em cima de um formato Tribal também, mas eu senti falta de interação entre dançarinas e variação nos passos.  Afinal das contas, minha participação na PURE era de integrante e não coreógrafa. Minha tendência nas coreografias é de sempre incluir algum tipo de interação ou “conversa” entre as dançarinas, para dar mais vida a quadro total.

Eu não tenho muita ressonância com coreografias em grupo em que todo mundo fica olhando para frente fazendo sua própria mini-coreografia e sem conexão as outras presentes no palco ou espaço de dança." (Paola)

Neste momento, ontem, quando degustava dessa leitura me veio a mente, eu e a Natiii fazendo um duo no turkish e aquele breve instante em que os olhos cruzam parece que dizemos: "puxa vida, que felicidade tê-la comigo".

Pensei em todas ocasiões que dividi um palco com minha família da Dança Circular e senti ser invadida por um turbilhão de sentimentos que nem sempre sei por nome. A conexão!!!! Lembram dela?! Eis a rainha das técnicas, olhar e ver as pessoas a seu redor e se deixar conduzir. 

"Eu gosto de ver uma apresentação sólida da técnica ATS, mas que conta com expressões e movimentos originais que expressam o espírito da musica – com pequenas  variações, “surpresas” ou brincadeiras dentro.   

Escolhendo uma musica Norte-Africana, por exemplo, eu gosto de ver aplicações da musicalidade e expressão da origem étnica da musica, não so umas formações ATS que já vi mil vezes.  

Em inglês tem uma expressão “think outside the box”, que quer dizer “pensar fora da caixa”.  

Nas artes, temos várias fases em que passamos durante o processo de domínio. ATS tem a família fundamental de movimentos, sinais, e formações que uma dançarina pode dominar – uma “caixa”.  

A partir disso, a fase criativa na dança, seja em grupo ou solo ou “fusão”, vai depender do nível de curiosidade e estudo que a dançarina aplica fora do formato – “outside the box”.  

Se ela entrou na Dança através de ATS, beleza.  É um bom formato a aprender, mas afinal das contas é um “box” que alguém preparou para  ajudar as dançarinas a dominar uma certa linguagem.  

Tem um mundo lá fora cheio de historia, tradição, e folclore que pode enriquecer muito sua dança e levar ela a criar danças artísticas. Tem que estudar fora do formato.  

Tem que apresentar musicalidade e expressão na dança, senão, para mim, ainda não é dança.  

Dançar, para mim, não é sinônimo de “memorizar passos” ou “dominar técnica”.   

Dançar é na descoberta do poço profundo de inspiração na expressão humana, em que o corpo interprete a mensagem do coração e alma.  

A sagrada Isadora Duncan nos falou “domine a técnica para que a técnica nunca atrapalhar sua dança”, e eu mantenho este conselho muito próximo a meu coração.

Cada uma enxerga a dança através das lentes de seus valores.  

E os valores que eu tenho como sagrados na dança tem a ver com musicalidade, intenção e comunicação através da dança – expressão.  

Para ter isso, e importante estudar e respeitar as raízes das formas e músicas com que estamos trabalhando. As vezes no mundo de fusão, vemos uma apropriação superficial de estilos sem referencia ou estudo e as danças acabam sendo meio vazias.  

Eu sei que o estilo Tribal tem forte apelo aos jovens hoje em dia, mas também acho fundamental o estudo das culturas tradicionais e modernas de que o Tribal leva seus vocabulários." (Paola)


Bem, não posso silenciar... muito embora o silêncio diga muiiito, mas neste momento preciso por pra fora...

O que me encanta numa dança, e me parece que não é uma impressão exclusiva, é quando, por mais simples que esteja a montagem que a dançarina tenha se proposto a pensar na música+figurino+passos de dança como um pacote harmônico. Não é pegar qualquer coisa, qualquer música e zaz tá aí o trabalho finalizado, não dá pra pegar a mistura de bolo pronta, tem que bater os ingredientes um a um.

Costumo dizer que não sou fã de Tribal Fusion, vou corrigir essa sentença não sou fã da fusão que vira confusão, da falta de identidade. 

Faz o simples, deixa a macarronice pro domingão... mas entregue ao espectador o combo de emoções que ele foi procurar ao ir vê-lo. 

Dê sua alma, ainda que a técnica não esteja totalmente impregnada em seu espírito, busque-a, detenha-a... e neste meio tempo descubra afinal onde você quer ir com sua dança! 

Afinal, somos muito autocríticos (eu inclusa) e isto atrapalha demais o processo de entrega (doação)... precisamos ser escravos-libertos, lembrando sempre que as coisas perdem o sentido quando a cobrança supera o contentamento.

Estou procurando essas respostas também e juntos sairemos desse labirinto. Como dosar a busca frenética pela técnica, manter a autocrítica em níveis não prejudiciais a saúde e ser feliz neste processo uterino.

15 de outubro de 2014

183 - YASMELA-SHELLEY MUZZY

183 por Carine Würch - SEMANA 20

Havia definitivamente a questão do figurino. Se você usasse o uniforme padrão: saia de três painéis, era provável que ninguém além da primeira ou segunda fila da platéia fosse capaz de ver o que você estava fazendo, pois a saia cobriria os pés e as taças. Também poderia prender e torcer, caso você dançasse ao redor. Nakish usava calças estilo gênio quando dançava, e não usava nenhuma saia sobre elas na maioria das vezes. Não gostava do look das calças tipo harem, dos anos 60, fiz um novo traje que não cobria as taças, quando dobrava os joelhos. Usava calças bem presas no tornozelo, aberta dos lados, mas ligado quadril ao joelho, do joelho até o tornozelo, por uma espécie de efeito  "mostra-esconde". 

Na parte de cima, usava um sutiã dança, e às vezes, por cima de tudo, uma túnica que ia até os joelhos, preso em torno do quadril com um cinto de moedas. Com este conjunto, ficava mais fácil para o público ver o que eu estava fazendo. Meus pés ainda eram visíveis, meu barriga estava visível, mas coberto, e a coisa toda tinha uma ar folclórico, mas ao mesmo tempo,  brilhoso.

No começo, usava 03 taças com uma boa espessura, não muito altas, mas resistentes. Para efeito de palco mais dramático, encontrei um algumas canecas de cerveja, pesadas e com hastes. 
Estas eram as taças industriais, que ficavam lindas do palco e deixavam-me um pouco mais alta do chão. Quando comecei a adicionar mais movimentos, Muzzy (Mustapha, o nosso mestre de cerimônias e músico) fez para mim, uma grande placa portátil, suave e lisa de um lado, e áspera do outro, para que pudesse mexer as taças, sem mexer a placa. A placa era armazenada facilmente em nosso ônibus e nunca mais tive que me preocupar em qual lado da superfície deveria dançar. Empacotamos um produto chamado "finger ease", juntamente com a nossa fita adesiva e kit de costura. Ele foi projetado para os pescoços das guitarras, e mantinha o teclado limpo. Alguns sprays disto em toda a minha placa de vidro e ela ficava lisa. Muzzy estava continuamente tentando colar coisas nas laterais das taças para que pudessem refletir as luzes, mas nada colava. 

Juntamente com o nosso número Calypso, houve reflexões sobre colocar luzes ao redor das taças, mas nada disso aconteceu, somente sonhos da estrada. Agora que penso sobre tudo isso, sei que somente fazemos qualquer coisa como esta, quando somos jovens, estúpidos e impermeáveis ao desastre.

Para o show, subia ao palco com 03 taças nas mãos, apresentando-as ao público, mantendo-as por cima da minha cabeça, fazendo alguns giros. Enquanto fazia tempo, um dos músicos trazia a minha placa com grande cerimônia e colocava na minha frente. Depois de cuidadosa (e dramaticamente) organizar as taças, levantava o pé, e subia em uma taça, e trazia o outro pé até as outras taças. Centrando-me para construir uma tensão dramática, passava por uma série de movimentos lentos, incluindo me ajoelhar até até o chão com um "Maya" e um lindo cambret com ¾ do corpo virado para o público. Como a placa era muito lisa, era capaz fazer círculos ao redor, mexendo as taças com os meus pés, e literalmente "dançar" sobre elas. Voltando-me para o público, agachava e pegava uma taça. Equilibrando-me nas duas taças restantes, levantava e segurava a taça no ar, levantando um pé. Assim me equilibrava sobre uma única taça, só por um momento, e era quando me sentia muito forte. É claro que o processo de repetição de substituir taças de sua posição original era tão angustiante quanto ficar sob uma só, mas a esta altura, sabia que a dança estava quase no fim, e a sensação de alívio que sentia me ajudava a terminar sem contratempos. Terminava a dança com shimmies, e saía de cima das taças, pegava cada uma e terminava com um giro. Uma variação dessa coreografia envolvia um layout com bellyrolls que requeriam mover as taças sob uma mão, com uma perna dobrada e uma perna estendida. Este layout fazia muita uma pressão sobre as taças, e também nos meus nervos, e eu não a fazia muitas vezes. Mas era bastante impressionante! 

Depois de alguns anos, passei a Dança com Taças para outra dançarina da trupe. Ela acrescentou novos elementos acrobáticos e de teatro para a peça. Sua estrutura leve era adequada para a delicadeza necessária nesta dança. Apesar da natureza robusta das taças pesadas ​​que usávamos, elas ainda eram de vidro e um tanto frágeis. Há um real de perigo na Dança com Taças. Quando decidi usar taças reforçadas, em vez de simples copos de água, comprei algumas belas taças mexicanas, sopradas. 

Durante uma apresentação, uma delas quebrou quando pisei em cima. Pulei antes que machucasse meu pé, mas sem antes de levar um grande susto. Depois disso, decidimos ir mais para a questão estrutural das taças e não a beleza, na hora da compra.


No primeiro ano do Bou-Saada, nosso grand-finale era a Dança com Taças. Quando passei-as adiante, não foi porque não gostasse delas, mas elas limitavam e exigiam muito. Não sendo particularmente atlética, tive dificuldade com os processos complexos envolvidos em fazer esta dança parecer interessante. 

As taças exigem paciência. No momento em que você se sente confortável com elas, você tem uma apreciação real do que está intrínseco no Taksim*
É comum para os novos dançarinos se apressarem na passagens do Taksim*, tentando passar por ele o mais rápido possível, porque não têm idéia do que a música está fazendo naquele momento. 

Nossa resposta para a improvisação durante a música do Oriente Médio, ilustra a profundidade de nossa compreensão da rica textura e dos nuances desta cultura. 

De volta a idade das trevas, Taksim* eram longas, arrastadas e às vezes cansativas, especialmente para dançarinos inexperientes, com pouco repertório, e, sem dúvida, para o público também. Você tem que cavar muito fundo para se manter conectado com o público e a banda. Às vezes me sentia como um elástico esticado ao limite, mas isto me ensinou a ouvir. Não ser capaz de mover seus pés, e ainda ter que dançar a música é uma grande disciplina. As Taças certamente me ajudaram a encontrar o meu centro, me abrandou e me fez pensar sobre a música, mas isto levou muitos anos.


* TaksimJá o taksim é caracterizado pelo som de um único instrumento como o violino, acordeon, flauta, alaúde, etc. Ocorre a improvisação no momento da música, ou seja, tudo ocorre instantaneamente, sem ensaios. Pode haver percussão para acompanhar o improviso e a dança exige movimentos mais lentos e tímidos da bailarina. Podem existir passagens de taksim em música clássica, ou apenas o próprio taksim como uma música inteira.



Texto original :

** Tradução livre - Carine Würch **